Marta corta 67% da verba de combate a enchentes

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Por Agencia Estado
Atualização:

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), vai cortar 67% dos recursos que teriam de ser destinados a obras de combate a enchentes neste ano. O ritmo das canalizações dos córregos cairá nos próximos meses. Algumas obras vão ser paralisadas. A medida começou a ser colocada em prática pela administração municipal há dez dias. Dos R$ 140 milhões previstos no orçamento para obras de combate a enchentes R$ 68,5 milhões foram transferidos para outros setores. Segundo a Secretaria Municipal das Finanças, no decorrer do ano, o valor das transferências chegará a R$ 94,4 milhões. Dos recursos remanejados até agora, R$ 4,5 milhões foram redirecionados para obras de paisagismo e jardinagem do complexo viário Jorge João Saad, o Cebolinha, que fica na região do Parque do Ibirapuera, zona sul. Outros R$ 666 mil foram retirados das obras de canalização do Córrego Aricanduva, na zona leste, para pagar serviços de pessoal e do cerimonial do gabinete da prefeita. Neste sábado, a administração municipal fez o maior corte de verbas antienchente. Retirou R$ 63,4 milhões originalmente destinados a canalizações e pavimentação de ruas ao redor dos córregos e redirecionou o dinheiro para, principalmente, pagar contas. Do total remanejado, R$ 30,7 milhões servirão para pagar o consumo de energia elétrica da rede de iluminação pública, por exemplo. Outros R$ 6,4 milhões vão para a conservação e manutenção de obras de arte. A maior parte das obras de canalização de córregos em São Paulo está incluída no projeto Procav, que tem financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No acordo feito entre Prefeitura e a instituição, a cada quantia aplicada pelo banco nas obras de canalização, a administração municipal tem de dar a contrapartida, ou seja, também investir dinheiro. A Secretaria das Finanças alega que a retirada de dinheiro das obras contra enchentes é necessária porque não há recursos em setores essenciais da Prefeitura. Trata-se de uma deficiência, apontada inclusive pelo secretário das Finanças, João Sayad, do orçamento aprovado pela Câmara Municipal no ano passado. A posição oficial da secretaria, transmitida pela Assessoria de Imprensa da pasta, foi a seguinte: "A administração reviu em 4 janeiro de 2001 todo o programa de canalização de córregos, que sofreu uma redução drástica devido à impossibilidade de a Prefeitura dar a contrapartida dos financiamentos do BID. Os recursos serão utilizados em suplementações no decorrer deste exercício." Além das obras de combate a enchentes, outras, também vinculadas a financiamentos que necessitam de contrapartida da Prefeitura, sofrerão redução de verba. O projeto habitacional Cingapura, que, assim como o Procav, recebe recursos do BID, perdeu R$ 11,8 milhões na sexta-feira. O dinheiro foi transferido para o programa de recuperação urbana e saneamento da Bacia de Guarapiranga e para o Procentro, projeto de recuperação do centro da cidade. A Prefeitura não prevê, em princípio, mais cortes no Cingapura, que ainda dispõe de R$ 50 milhões no orçamento.

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