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Marta já gastou 51,9% da verba publicitária do ano

Dos R$ 25,3 milhões previstos no orçamento da Prefeitura de São Paulo deste ano para publicidade, R$ 13,1 milhões estão comprometidos

Por Agencia Estado
Atualização:

Em pouco mais de dois meses, Marta Suplicy (PT) já gastou mais da metade de toda a verba prevista para a publicidade da Prefeitura no ano inteiro. Para justificar a cobrança de impostos para a população, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o governo enfiou o pé no acelerador e empenhou - comprometeu com gastos - R$ 13,1 milhões em propaganda oficial. O valor representa 51,9% dos R$ 25,3 milhões previstos no orçamento de 2003 para a rubrica "publicações de interesse do município", que abrange campanhas publicitárias nos veículos de comunicação. Os dados são do Serviço de Execução Orçamentária (SEO). Os gastos com propaganda sempre chamaram a atenção no governo petista. Nos dois primeiros meses de 2001, foram empenhados R$ 8 milhões em propaganda. No mesmo período do ano passado, esse total chegou a R$ 9,47 milhões. "Isso demonstra que os gastos com publicidade continuam sendo prioridade da Prefeitura", afirmou o vereador Roberto Tripoli (PSDB), que fez o levantamento. Segundo cálculos realizados por sua assessoria econômica, em apenas dois anos a prefeita já utilizou quase o mesmo que o seu antecessor, Celso Pitta (PSL), durante todo o seu mandato. Em dados atualizados, Pitta gastou no setor, entre 1997 e 2000, R$ 88,2 milhões. Desde que assumiu, em janeiro de 2001, Marta aplicou R$ 83,5 milhões, ou cerca de 95% do total gasto por seu antecessor. Este ano, três secretarias municipais - Educação, Trabalho e Solidariedade e Saúde - dispõem de verbas próprias para a propaganda. A descentralização ocorreu após a transferência irregular de recursos das pastas para a Comunicação, no ano passado. Em maio de 2002, o ex-secretário de Comunicação e atual secretário do Abastecimento, Valdemir Garreta, autorizou a transferência de R$ 2,3 milhões dos programas sociais da Prefeitura e R$ 285 mil da Secretaria da Saúde para a propaganda. Na época, ele alegou que o dinheiro foi utilizado para panfletos de interesse público, como cartilhas contra a dengue. Dias depois da operação ter sido revelada pelo Estado, o secretário das Finanças, João Sayad, admitiu a irregularidade e cancelou os empenhos. Para evitar problemas, a Prefeitura resolveu destinar dinheiro próprio para as secretarias gastarem na divulgação de seus programas. "O problema é que, dos R$ 13,1 milhões que já foram gastos, apenas R$ 71 mil vieram da saúde, que, em tese, são para campanhas educativas", disse Tripoli. O secretário de Comunicação Social, José Américo Dias, explicou as despesas. Segundo ele, os gastos com propaganda são concentrados, em sua maioria, no primeiro semestre. "Tivemos questões como a campanha da dengue, as enchentes e a nova licitação para o sistema de transporte", argumentou. Ele também citou a divulgação dos novos Centros de Educação Unificada (CEUs), que estão sendo construídos. O secretário contestou a comparação com os gastos realizados por Pitta. Pelas contas da secretaria, Pitta utilizou, em sua gestão, R$ 86,7 milhões em publicidade em quatro anos. Até o momento, Marta investiu R$ 70,1 milhões, em cálculos atualizados pelo IPC da Fipe. "Além disso é muito difícil comparar o governo Marta com o do Pitta, que não tinha nada para divulgar", justificou. Dias afirmou ainda que, este ano, o governo deve gastar menos em publicidade do que em 2002, quando foram aplicados, no total, R$ 41,8 milhões.

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