Marta nega ter feito concessões para evitar greve

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Por Agencia Estado
Atualização:

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, negou hoje que tenha feito concessões na área de transporte para evitar desgate político para o PT neste ano eleitoral. "Não é greve que desgasta o PT, greve desgasta o trabalhador." Um dia depois de ter aberto mão de cobrar dos empresários do setor a taxa administrativa de R$ 1,9 milhão por mês (o equivalente a R$ 22,8 milhões anuais) para financiar o seguro-saúde dos motoristas, Marta afirmou que qualquer governante se esforça para evitar greves. "Tenho feito o máximo de empenho. Se conseguir evitar, ficarei feliz." Pelo menos até janeiro de 2003 a Prefeitura não vai cobrar dos empresários a taxa, que representa R$ 0,02 da tarifa atual, de R$ 1,40. A criação do convênio médico era uma das principais exigências de motoristas e cobradores para abortar a paralisação no transporte. A taxa não vai fazer falta, segundo Marta, porque a sua inclusão no contrato foi prevista para criar uma "retaguarda" em caso de impasse como o ocorrido na negociação entre empresários e motoristas. "O convênio é uma coisa justa, para a finalidade de dar esse R$ 0,02 para o convênio é correto." Ela descartou a possibilidade de aumento de tarifa. O secretário municipal dos Transportes, Carlos Zarattini, informou que o contrato de emergência que está valendo previa que em 22 de abril, 90 dias após sua assinatura, a taxa administrativa passaria a ser cobrada e usada em reformas, conservação de terminais e abrigos de ônibus. Novo contrato A Prefeitura não vai cobrar a taxa enquanto o sistema for regido pelo contrato de emergência, em vigor até 22 de janeiro. Um novo contrato, também de emergência, será assinado em julho, válido até janeiro de 2003. Marta prevê que, a partir de então, estará pronto um sistema de concessão do transporte por 15 anos. O novo sistema, cujo edital está sendo preparado para junho ou julho, prevê a volta da taxa, em valor a ser definido. Marta também negou que a administração tenha cedido aos empresários. "A Prefeitura exerceu o seu papel de mediadora, dentro da sua possibilidade." Na prática, Marta acabou por beneficiar uma única categoria profissional, em atendimento de saúde, com dinheiro público. O secretário da Saúde, Eduardo Jorge, por meio de sua Assessoria de Imprensa, não quis comentar a possibilidade de a rede municipal garantir o atendimento de motoristas e cobradores. Eduardo Jorge disse que essa é uma questão sobre a qual a sua pasta não pode opinar, já que o dinheiro é da Secretaria dos Transportes. Solicitado pela reportagem no fim da tarde a comentar o assunto, Zarattini não se manifestou até as 20 horas.

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