Marte vira opção aos limites de Congonhas

Táxi aéreo e demanda em alta forçam reforma em aeroporto

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Por Bruno Tavares
Atualização:

O crescimento na demanda e a falta de alternativas de curto prazo aos Aeroportos de Congonhas, na zona sul de São Paulo, e Cumbica, em Guarulhos, explicam a decisão da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) de reformar o Campo de Marte. O efeito mais imediato das obras deverá ser sentido pelos cerca de 200 mil passageiros que utilizam o terminal todos os anos. Mas o investimento do governo federal no acanhado terminal da zona norte paulistana também esconde aspectos operacionais - e sobretudo comerciais. História e fotos do aeroporto e os acidentes no Campo de Marte Desde 2007, os limites impostos a Congonhas provocaram uma debandada da aviação geral (táxi aéreo e jatos executivos). Na ocasião, a primeira alternativa apresentada pelo governo foi a migração das operações para o Aeroporto de Jundiaí, a 60 km da capital. A falta de infra-estrutura e a dificuldade de acesso tornaram o projeto pouco atraente - no primeiro semestre, só 9.696 passageiros passaram por ali. Com o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, também saturado, Campo de Marte se transformou na única opção para quem desejava continuar operando próximo da região central da cidade. Poucos meses depois do acidente com o Airbus da TAM, que deixou 199 mortos em julho de 2007, fontes do setor aéreo observaram um aumento de 30% das operações no terminal da zona norte. Atualmente, segundo o Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP), braço da Aeronáutica responsável pelo controle do tráfego aéreo no Estado, ocorrem, em média, 12 mil pousos ou decolagens por mês no Campo de Marte. Desse total, 7.200 (70%) são de helicópteros, o que eleva o terminal paulistano à condição de maior "aeroporto" de aeronaves de asa rotativa do País - o 5º maior no geral, atrás apenas de Cumbica, Congonhas, Galeão (RJ) e Brasília. O aquecimento da economia deve alavancar ainda mais esse mercado. Com pouco mais de R$ 60 mil na compra e mensalidades de R$ 4 mil, é possível adquirir a cota de um helicóptero no Campo de Marte. Prática iniciada nesta décadas nos EUA, o chamado compartilhamento de aeronaves ganha adeptos no País. De 2004 a 2007, por exemplo, a sociedade de helicópteros que opera no aeroporto teve crescimento de 220% no número de clientes - de 69 para 220. LIMITES Assim como Congonhas, o Campo de Marte enfrenta uma série de restrições operacionais. Inaugurado na década de 1920, o primeiro aeroporto de São Paulo está hoje cercado por residências e imóveis comerciais, o que dificulta sua expansão e confere uma dose a mais de risco às operações. Em 4 de novembro de 2007, um Learjet 35 caiu sobre casas perto do aeroporto, deixando oito mortos e dois feridos. Ainda assim, segundo o especialista em aviação Adalberto Febeliano, há margem para crescimento. "Sempre achei que o aeroporto poderia ser melhor aproveitado", comenta. "Vejo até a possibilidade de construção de uma segunda pista no Campo de Marte, paralela à Avenida Olavo Fontoura." Hoje, o Campo de Marte é dedicado exclusivamente à aviação geral, além de servir de base para escolas de pilotagem e para o serviço aerotático das Polícias Civil e Militar. Por ter uma pista curta - 1.600 metros de extensão, sendo 1.300 metros de área útil -, só tem condições de receber aviões de pequeno porte e não opera por instrumentos. COLABORARAM DIEGO ZANCHETTA e TATIANA FÁVARO

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