Matador começa a reconstituir crimes no RS

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Por Agencia Estado
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O biscateiro Adriano Vicente da Silva, de 25 anos, reafirmou à polícia que agiu sozinho ao matar o menino João Marcos Godois, de 12 anos, em maio do ano passado, em Soledade, no Rio Grande do Sul. Ele começou a reconstituir neste sábado a série de 12 assassinatos de crianças que confessou ter cometido entre agosto de 2002 e janeiro de 2004 na região norte do Estado. Na primeira reprodução simulada, disse ter atraído o garoto com uma promessa de trabalho. Também demonstrou como aplicou um golpe de artes marciais e como usou uma corda para imobilizar e matar sua vítima. "Alguns detalhes coincidem com os laudos que temos, outros não", revelou o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), João Paulo Martins. Isso indica que a dúvida sobre a autoria do crime permanece e só poderá ser esclarecida com o cruzamento de informações e novas investigações. O assassinato de João Marcos também foi assumido por dois traficantes e duas menores, já detidos, que apontaram o mesmo local e deram a mesma descrição do ato apresentada agora por Silva. O depoimento de uma das meninas apontava a presença de uma pessoa que ela não conhecia no local, o que levará a polícia a investigar se o estranho era o biscateiro e se ele agiu em conjunto com a quadrilha. Não está descartada a hipótese de ele ter mentido ao dizer que agiu sozinho e nem a de que tenha assumido um crime que não cometeu para impressionar ainda mais como um matador em série. Durante os próximos dias, Silva seguirá descrevendo os assassinatos que diz ter cometido. As primeiras investigações indicam que é provável que ele seja o autor de sete mortes, sendo uma em Soledade, uma em Lagoa Vermelha, uma em Sananduva e quatro em Passo Fundo. Há dúvidas sobre a autoria dos outros cinco assassinatos - três em Soledade e dois em Passo Fundo - porque outras pessoas foram presas e confessaram os crimes. A operação de reconstituição das mortes confessadas por Silva é cercada de sigilo. A polícia não anunciou quando e onde o biscateiro começaria a descrever seus crimes. Em Soledade, durante o sábado, todos os locais para onde ele foi levado foram isolados. Nem os moradores da cidade e nem a imprensa puderam ver as reproduções simuladas, que foram acompanhadas por Martins, pela delegada Ivone Cataneo, por três peritos e pelo vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Fabiano Pereira (PT). A polícia tem deixado Silva contar e descrever espontaneamente seus atos, na esperança de encontrar contradições entre o depoimento que ele deu na terça-feira, quando foi preso, a as reconstituições. Em alguns locais houve aglomeração de pessoas que, diante das barreiras policiais, gritaram insultos a Silva.

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