Média mapeia tendência das pesquisas

Estado apresenta média móvel das últimas levantamentos como uma ferramenta a mais para analisar o processo eleitoral

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Por Daniel Bramatti e José Roberto de Toledo
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADOUma das vedetes da eleição presidencial norte-americana em 2008 foi a prática de consolidar as várias pesquisas de intenção de voto em uma média única. O método foi usado em outros países e nos EUA em pleitos anteriores, mas nunca teve tanta popularidade nos meios de comunicação. O Estado incluirá essa técnico na cobertura da eleição presidencial, junto à tradicional divulgação dos resultados isolados dos principais institutos de pesquisa. A análise pelas médias aplaina picos e vales das intenções de voto e revela tendências de mais longo prazo. A média móvel apresentada no gráfico ao lado leva em conta as pesquisas feitas nos últimos 30 dias, pelos institutos que produzem sondagens nacionais: Ibope, Datafolha, Vox Populi e Sensus.Essa metodologia poderá ser adaptada mais à frente na corrida eleitoral, quando a frequência de divulgação das sondagens se intensificar. O objetivo é incluir no cálculo o maior número de pesquisas feitas com o menor intervalo de tempo entre elas. Os críticos dessa técnica afirmam que ela compara laranjas com bananas, pois as metodologias dos institutos são diferentes. Especialista em pesquisas de opinião, a socióloga Fátima Pacheco Jordão vê na diluição das diferenças metodológicas uma das vantagem das médias móveis.Alguns institutos, por exemplo, perguntam diretamente aos entrevistados qual é a sua intenção de voto, enquanto outros, antes de aplicar questões eleitorais, fazem perguntas sobre desempenho do governo e satisfação com a economia. "O resultado pode ser diferente", diz.Pesquisador do Iuperj, Marcus Figueiredo concorda. "A média dilui eventuais erros. Se há um erro no instituto A, e faço uma média com o instituto B, o resultado vai estar menos distante da realidade". Para Figueiredo, "Ibope, Datafolha, Vox Populi e Sensus usam metodologias e procedimentos inteiramente confiáveis", e as diferenças entres as pesquisas feitas na mesma época por esses institutos são pequenas, "quase todas dentro da margem de erro".A média móvel mostra dois momentos distintos até agora. Entre dezembro e janeiro, Dilma cresceu e cortou de 21 para 8 pontos a vantagem média de Serra. Desde fevereiro, suas curvas estão praticamente paralelas, com a da petista levemente mais inclinada em direção ao tucano, o que fez a diferença média entre eles cair para 6 pontos.Em artigo publicado ontem no Correio Braziliense, o presidente do instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, defendeu a análise pelas médias: "Ganha corpo, mundo afora, a ideia de "média das pesquisas", como aconteceu na última eleição americana. É melhor que fingir que só uma é boa. Pesquisa é como andorinha. Uma só não faz verão. Quem olha o processo pela ótica de apenas uma pode se enganar redondamente."Para Mauro Paulino, diretor executivo do Datafolha, a média não é uma boa ideia: "São apenas quatro institutos fazendo pesquisa no Brasil. Nos EUA há pelo menos 10 institutos. Aqui, eventuais resultados que destoam podem influir na média."Suas restrições não param aí. "Na medida que se aproxima a eleição, a média pode mascarar mudanças. Se há um fato importante que mude a intenção de voto dos eleitores, quem se pautar pela média pode ficar atrasado em relação aos fatos. Se em 1989 todos se pautassem pela média, a conclusão é que Leonel Brizola disputaria o 2.º turno com Fernando Collor", diz Paulino.Fátima Pacheco Jordão observa que os institutos sempre comparam seus resultados com os de suas próprias pesquisas, que nem sempre são recentes ou representam a real evolução do quadro eleitoral: "Colocar os resultados na sequência em que eles aparecem, independentemente dos institutos, é um serviço para o eleitor."

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