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Médico detido no Egito retorna ao Brasil, pede desculpas, mas critica reação das redes sociais

Victor Sorrentino, que chegou a ser detido após uma publicação ofensiva contra uma vendedora, fez uma live para seguidores. Após 'sinceras desculpas', ele comparou a reação ao caso à Inquisição e ao Tribunal de Nuremberg

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Por Redação
Atualização:

O médico e influenciador brasileiro Victor Sorrentino, que foi detido no Egito no dia 30 de maio por assediar verbalmente uma vendedora, retornou ao Brasil após prestar esclarecimentos às autoridades egípcias. Ele fez uma live na noite de terça-feira, 8, para se pronunciar sobre o caso. Emocionado, o médico agradeceu pelo apoio dos mais de 930 mil seguidores que o acompanham no Instagram, reforçou o pedido de desculpas, mas criticou a forma como o caso foi tratado nas redes sociais.

Sorrentino fez uma live na noite de terça-feira, 8, para se pronunciar sobre o caso Foto: Instagram/Victor Sorrentino

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“Eu devo aqui as minhas sinceras desculpas à menina, com quem já me desculpei muitas vezes, à família dela, com quem já me desculpei, a todos que se sentiram ofendidos e ofendidas, essas comunidades femininas que se sentiram agredidas”, disse.

Segundo o influenciador, se não respeitasse as mulheres, ele “não seria digno de viver” na família em que vive. “Eu sou o filho de uma mulher que me orgulho muito, eu sou o irmão de duas mulheres honestas, eu tenho uma esposa, eu cresci em volta de mulheres, eu tenho três primas de primeiro grau.”

Para o médico, a pior parte foi não saber o quanto as pessoas no Brasil estavam sofrendo pelo caso, sobretudo a família. “Eles foram bastante julgados, eles foram agredidos, ameaçados… Por conta de 15 segundos de um vídeo que eu me desculpei, de um erro que aparentemente é inafiançável: usar palavras erradas”, disse o médico, ressentido com a proporção que a situação tomou no Brasil. 

Em dado momento da live, Sorrentino comparou o julgamento sofrido nas redes sociais à Inquisição e ao Tribunal de Nuremberg, que julgou os nazistas após o fim da Segunda Guerra Mundial. “Não estou defendendo nazistas, mas foi um tribunal de exceção, em que se busca uma forma de pré-julgar as pessoas”, explicou.

O médico ainda negou ser bolsonarista e atribuiu algumas informações propagadas sobre ele como “totalmente descabidas”. “Eu não sou bolsonarista. Eu votei… Votar em alguém não é ser bolsonarista. Votar em alguém foi simplesmente uma opção que eu tive naquele momento. Agora, eu não tenho ídolos dentro da política”, afirmou. 

Médico fez publicação com ofensa contra vendedora

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No final de maio, Victor Sorrentino publicou nos stories do Instagram um vídeo de uma vendedora egípcia demonstrando o processo de produção do papiro e fez comentários de duplo sentido. "Elas gostam é do bem duro. Comprido também fica legal, né?", disse Sorrentino à mulher em português, referindo-se ao galho de papiro que ela segurava.

Depois da repercussão negativa do vídeo, o médico retornou à loja e gravou um vídeo ao lado da vendedora explicando a situação, mas a ação não impediu que ele fosse detido no dia 30 de maio para prestar esclarecimentos. A mobilização que resultou na detenção do médico foi fruto de um movimento iniciado por brasileiros e expandido por ativistas feministas egípcias.

“Foi uma investigação maçante. Eu sofri muito, muito mesmo”, contou Sorrentino, que hoje enxerga ter passado pelos “melhores e piores” momentos de sua vida no Egito.

No dia 3 de junho, enquanto o médico ainda era investigado por autoridades do Egito, a família de Sorrentino postou uma carta com um pedido de desculpas. Segundo ele, as autoridades averiguaram o caso, conversaram com a vendedora, que não prestou queixa, e decidiram que não havia motivos para abrir um processo. O médico contou ainda que não teve que pagar absolutamente nada, a não ser “o preço do sofrimento de ter ficado praticamente seis dias sendo investigado em condições que são diferentes das condições do Brasil”. 

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