O médico reumatologista Antonio Rodrigues Domingos Moura, de 34 anos, acusado de ter assassinado a empregada doméstica Maria Aparecida de Camargo, em junho de 1995, para receber um seguro, foi condenado a 21 anos de prisão, na madrugada de hoje, em Sorocaba. O julgamento, um dos mais longos da história da cidade, teve início às 9 horas de quinta-feira e só terminou a 01h50 de hoje, quando foi lido o veredito do Júri. Moura foi considerado culpado de homicídio qualificado pela maioria simples no corpo de jurados. O advogado de defesa anunciou que entrará com recursos contra a condenação. O promotor Luís Gustavo Gazola, que atuou na acusação, considerou que a decisão foi justa. Moura, que já esta preso preventivamente desde o ano passado, vai aguardar na cadeia o resultado do recurso. Durante as 40 horas de julgamento, uma multidão compareceu ao Fórum de Sorocaba para acompanhar os debates entre acusação e defesa. O juiz Pedro Luís Alves de Carvalho, que presidiu o julgamento, teve que distribuir senhas para organizar o acesso ao salão do Júri. A empregada, que tinha 60 anos, trabalhava na casa do pedido, num bairro residencial nobre de Sorocaba. No dia do crime, Moura a levou ao pronto socorro da Santa Casa, alegando que a mulher tinha sido atropelada. Ele trabalhava no hospital e assumiu pessoalmente o atendimento da paciente, tendo ministrado soro e aplicado uma injeção que seria de glicose. Minutos depois, a empregada morreu. Uma enfermeira desconfiou do conteúdo da seringa e a recolheu. Os exames revelaram que continha cloreto de potássio, substancia letal se aplicada em dose elevada. A polícia descobriu que, antes da morte, a empregada tinha feito dois seguros de vida no valor de R$ 102 mil, nos quais o médico figurava como único beneficiário. No julgamento, a acusação explorou outra denuncia contra Moura. Em 1994, ele foi acusado de negligencia médica no atendimento a uma adolescente de 14 anos, que morreu de meningite após ser dispensada pelo médico do atendimento na Santa Casa. Ele foi condenado por homicídio culposo, mas entrou com recurso.