Médico que operou brasileira nos EUA tem pelo menos três processos em Minas

O médico Luiz Carlos Ribeiro, de 49 anos, é parte em pelo menos três processos de indenização e indiciado em outros dois por crimes contra a pessoa e contra o patrimônio

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Por Agencia Estado
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O médico Luiz Carlos Ribeiro, de 49 anos, é parte em pelo menos três processos de indenização e indiciado em outros dois por crimes contra a pessoa e contra o patrimônio no Tribunal de Justiça de Minas, segundo o Fórum Lafayette. Ribeiro foi preso no último domingo, acusado da morte da brasileira Fabíola de Paula, de 23 anos, que morreu depois de se submeter a uma lipoaspiração no porão em que o médico morava, no Estado norte-americano de Massachusetts. Embora não possua nenhum registro de especialidade no Conselho Regional de Medicina (CRM), Ribeiro há pelo menos três anos costumava realizar cirurgias diversas no Brasil, principalmente relacionadas à área estética. Desde essa época, o clínico-geral já viajava constantemente para os Estados Unidos, onde realizava operações clandestinas, conforme afirmou uma de suas vítimas, a representante comercial Evanice Rabelo da Costa, de 50 anos, moradora de Contagem (MG). Recentemente, a 10ª Câmara Cível do TJ-MG condenou a clínica Ribeiro de Paula - onde Ribeiro atendia -, localizada na zona norte da capital mineira, a indenizar Evanice em R$ 10 mil, por danos morais e estéticos, além de arcar com os custos de uma cirurgia plástica reparadora. A representante comercial se submeteu a uma cirurgia de correção de pálpebras em julho de 2003, após um tratamento de emagrecimento com o médico. "Ele falou que era muito fácil de fazer, tranqüilo para ele", contou. "Fiz a cirurgia e fiquei parecendo um monstro. Meu rosto ficou todo detonado, o olho direito não fecha. O esquerdo não fecha 100%", contou. Evanice lembra que já naquela época o médico costumava viajar freqüentemente para os EUA, com a justificativa de que ia realizar "tratamento, cirurgias". Segundo ela, Ribeiro confessou a pacientes que estava "ganhando dinheiro demais". O médico foi processado também por Vera Lúcia da Silva, outra a se submeter a uma cirurgia de pálpebras, em abril de 2003, na clínica que ele mantinha no bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte. "Ele utilizou um ácido nela", recorda a advogada Nara Rates dos Santos. "Ela ficou com a pele bem fina debaixo dos olhos e enrugada". Um acordo foi homologado na Justiça em junho de 2005 e a vítima aceitou receber R$ 15 mil de indenização. Ribeiro costumava se apresentar como anestesista, dermatologista ou especialista em medicina estética. "Ele tem diploma de final de semana", disse o advogado Antônio Carlos Teodoro, presidente da ONG SOS Vida, que denuncia erros médicos. "São cursinhos que não valem nada para o CRM". O Conselho reafirmou, na quarta-feira, 2, que o médico não possui registro de especialidade, o que, no entanto, não é impedimento para a realização de cirurgias no País. Conforme o CRM, Ribeiro não chegou a solicitar documentação necessária para atuar como médico nos EUA. Na clínica Ribeiro de Paula, a informação é que ele nunca foi sócio ou proprietário e desde o problema com a representante comercial parou de atender lá. Ninguém foi encontrado na clínica que ele mantinha no bairro Santo Agostinho.

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