Médico teria lipoaspirado 10% do peso de vítima

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Por Agencia Estado
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Os parentes da estudante universitária Helen de Moura Buratti, de 18 anos, que morreu na noite da última sexta-feira (05), após uma cirurgia de lipoescultura, aguardam a investigação policial sobre o caso e sobre a atuação do ginecologista Vanderson Bullamah. Eles até suspeitam de que o médico tenha retirado gordura em excesso de Helen, pois enfermeiras do pós-cirúrgico teriam comentado com a mãe da paciente que Bullamah havia "tirado mais do que normalmente retirava". O ginecologista está suspenso de suas atividades por tempo indeterminado, e a Vigilância Sanitária de Ribeirão Preto interditou a sua clínica na tarde desta segunda-feira. Segundo o advogado Rogério Buratti, tio de Helen, a sobrinha pesava 76 quilos e, na cirurgia, foram retirados 7,5 quilos, ou seja 9,87% de seu peso. O representante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em Ribeirão Preto, Carlos Roberto Ferriani, disse que não existe uma norma exata sobre a porcentagem a ser retirada, que ainda é objeto de estudo, mas que o recomendável é que não ultrapasse os 5%. "Essa é uma porcentagem menos agressiva para o organismo", disse Ferriani, que, na próxima sexta-feira, participará de uma reunião, em São Paulo, onde a cirurgia plástica será discutida. É provável que o caso de Helen seja usado como um parâmetro pela classe médica. Rogério Buratti informou também que a sobrinha já havia feito regime, com perda de cerca de 20 quilos. A cirurgia plástica seria a retirada do excesso. Segundo ele, os pais de Helen ainda estão abalados, em estado de choque, mas vão colaborar com as investigações da polícia, que abriu um inquérito. "Isso é positivo, pois temos a certeza que a polícia fará esforço para apurar tudo e, se houve falha, o responsável que pague pelo que fez", disse Buratti. Qualquer atitude judicial da família deverá ocorrer após o trabalho policial, que será a base para um possível processo contra Bullamah. Rogério acrescentou que a agonia de Helen começou no mesmo dia da cirurgia, na última quinta-feira. Ela teve febre, dor e vômito na mesma noite, na clínica, e foi medicada por Bullamah. Na manhã de sexta-feira, Helen tomou soro, e a febre passou, mas ainda estava pálida quando recebeu alta. À tarde, teve vômitos e falta de ar. Foi internada na Beneficência Portuguesa, onde morreu no início da noite. A causa de sua morte, apontada na autópsia, foi insuficiência renal, causada pela excessiva perda de sangue durante a cirurgia. No sábado, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) suspendeu Bullamah de suas funções. Foi o terceiro caso em que o paciente morreu após lipoaspiração feita pelo ginecologista. Os outros dois ocorreram em 1996. Um deles resultou, em 1999, na cassação do registro profissional do médico pelo Cremesp e em sua prisão por oito dias. Porém, ele recorreu ao Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília, e foi suspenso por apenas 30 dias. Durante vistoria à sua clínica, a polícia recolheu materiais usados em lipoaspirações. A Vigilância Sanitária ainda deverá divulgar o resultado da operação em conjunto com a polícia.

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