Menino é arrastado por ônibus e sobrevive no interior de SP

História lembra a trágica morte do menino João Hélio, morto por ladrões no Rio

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Por Redação
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O garoto João Vitor Borges, 5 anos, foi arrastado sete quadras pelo microônibus escolar, na tarde desta terça-feira, 3, em São José do Rio Preto, a 450 quilômetros de São Paulo. O episódio lembra a trágica morte do garoto João Hélio, no Rio de Janeiro – morto arrastado no carro de sua mãe, durante um assalto. O menino, que estuda na escola municipal Júlio de Farias, enroscou a blusa de frio na traseira do veículo, quando voltava para casa, no Jardim Nunes, zona norte da cidade. O motorista do microônibus, Sidnei Ferreira Barbosa, 39 anos, não percebeu a presença do garoto, acelerou pela rua Pedro Longo e só parou depois de percorrer mais de sete quadras, alertado pelos gritos das pessoas que perceberam o garoto pendurado no pára-choques. Apesar da gravidade do acidente, o garoto sofreu apenas escoriações no bumbum, no joelho e num dos pés. Mas até o início da noite ainda estava assustado com a história. A calça jeans que ele vestia ficou em retalhos, desgastada pelo contato com o asfalto; os tênis sumiram. "Graças a Deus ele ficou pendurado e teve apenas parte do corpo arrastada no asfalto. Felizmente, foi só um susto", comentou a mãe do garoto, Romualda Borges, horas depois do acidente. Segundo ela, seu filho disse desceu do ônibus na esquina de casa e se preparava para ir embora quando foi colhido pelo ônibus que tinha dado marcha a ré. "Foi aí que a blusa enroscou no ônibus", disse. Romualda levou o filho ao posto de saúde do bairro Santo Antônio, onde menino foi medicado e liberado, para ficar em observação em casa. O pai do menino, o pedreiro Pedro Borges, disse que a família teme que o garoto sofra o impacto psicológico causado pelo acidente. "Meu filho está muito assustado", disse. Segundo os pais do garoto, o motorista do ônibus se recusou a prestar atendimento. "Ele queria levar as outras crianças para casa para depois levar meu filho ao médico. Um vizinho é que o levou ao posto de saúde", disse Pedro Borges. Um boletim de ocorrência foi aberto no 4º DP de Rio Preto, onde o delegado Airton Augusto Carmargo Junior abriu inquérito policial para apurar lesões corporais causadas por veículo. Segundo o delegado, o motorista do microônibus não tem a licença necessária para transportar estudantes. "Ele não tem a autorização para dirigir veículos escolares, que precisa de autorização do Denatran (Departamento Nacional de TRânsito)", disse o delegado Uma das testemunhas do acidente foi a monitora escolar Natália Evelin dos Santos, que acompanha a entrada e saída das crianças do microônibus. Segundo ela, o garoto desceu com ela e foi levado à calçada, mas por algum motivo acabou se enroscando na traseira do ônibus. "Deixei ele certinho na esquina, como combinado com a mãe. Pode ser que ele tenha se enroscado quando o ônibus fez manobra para sair", disse. Segundo ela, o motorista e outros 15 alunos que estavam dentro do ônibus só ficaram sabendo que o menino estava atrás, quando as pessoas na rua começaram a gritar. "As poucas pessoas que tinham na rua começaram a gritar e as crianças também, daí o motorista freou", comentou. Procurado, o motorista do microônibus não foi encontrado para comentar o assunto.

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