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Menopausa e droga do desejo

Declínio do desejo sexual começa 20 meses antes da última menstruação

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Por Jairo Bouer
Atualização:

Novo estudo divulgado na última semana traçou uma espécie de “mapa” da disfunção sexual feminina no período que cerca a menopausa e concluiu que a fase de maior impacto sobre a sexualidade dura cerca de três anos, período em que a mulher enfrenta suas maiores dificuldades.

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O trabalho, feito pela Sociedade Norte-Americana de Menopausa, detectou que um declínio rápido e contínuo no desejo e no desempenho sexual começa a ser percebido 20 meses antes da última menstruação e segue caindo de forma aguda até cerca de um ano após essa data. A partir daí, o processo continua a ser sentido, de forma mais amena, por um período de mais dois anos, até uma nova estabilização.

O resultado da pesquisa, que acompanhou 1,4 mil mulheres, foi publicado no periódico médico Menopause e divulgado pelo Daily Mail. Os sintomas mais nítidos incluem ressecamento vaginal e diminuição da libido.

O impacto dessa disfunção sexual feminina é ainda mais importante quando contrastado com a conclusão de outro estudo recente da Sociedade Norte-Americana de Menopausa, que revelou que o sexo é considerado “extremamente importante” por 75% das mulheres que estão na meia-idade. 

Os resultados mostram o quanto é importante que os ginecologistas conversem abertamente com as mulheres sobre as mudanças na vida sexual que elas vão enfrentar nessa fase da vida. A menopausa é marcada pela “falência” progressiva dos ovários, que deixam de produzir os hormônios femininos responsáveis pelo desejo sexual e pelos ciclos menstruais.

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Os médicos devem alertar, também, sobre o aparecimento de sintomas como calores, falta de energia, irritação e labilidade emocional, entre outros, que podem prejudicar ainda mais a disposição para se fazer sexo. Além disso, é fundamental discutir hábitos mais saudáveis, que podem atenuar parte dessas manifestações e contribuir para uma melhor saúde sexual.

Existem recursos terapêuticos que podem aliviar algumas das alterações. Para melhorar o ressecamento vaginal e as dores na penetração, por exemplo, o uso de lubrificantes à base de água no momento do sexo e o emprego de baixas doses do hormônio estrógeno por via vaginal são indicações possíveis. O médico pode avaliar e discutir com a paciente, caso a caso, os riscos e benefícios da terapia de reposição hormonal.

Nova arma para o desejo?. Outro trabalho divulgado na última semana pelo Daily Mail aponta que uma nova substância, usada antes da relação sexual, promete aumentar o desejo nas mulheres nesta fase.

A droga conhecida como Bremelanotide foi testada em 1,2 mil mulheres por 24 semanas. Ela deve ser injetada por via subcutânea com o auxílio de um autoaplicador e tem efeito por oito horas. A última etapa de estudo clínico da droga (que foi desenvolvida originalmente como um agente de bronzeamento solar), feita pelo laboratório responsável, mostrou resultado superior ao placebo em relação ao aumento da libido e à redução da tensão provocada pelas dificuldades sexuais, além de poucos efeitos colaterais. O mecanismo de ação da droga não tem relação com os facilitadores de ereção masculinos. A substância age diretamente no sistema nervoso central, em áreas relacionadas ao prazer. 

Mas será que funciona mesmo? Até hoje, nenhum remédio que se “vendeu” como estimulante sexual feminino alcançou resultados satisfatórios. Nem mesmo a Flibanserina, recentemente aprovada pelo FDA (agência reguladora americana), convenceu. Além de ter efeito muito limitado, ainda traz riscos de desmaios súbitos e não deve ser usada com álcool. O fabricante espera o novo remédio nas prateleiras das farmácias americanas no segundo semestre de 2017. É esperar para ver!

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