Menor diz ter sido coagido pela polícia a acusar irmão

Delegado convocou uma audiência para ouvir os outros quatro acusados pela morte de João Hélio como testemunhas no processo do menor

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Por Agencia Estado
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O adolescente E. de 16 anos, que confessou ter participado do assalto que culminou com a morte do menino João Hélio Fernandes, afirmou ao juiz da 2ª Vara da Infância e da Adolescência, Guaraci Vianna, ter sido "coagido" por policiais da 30ª Delegacia de Polícia (Marechal Hermes) para acusar o irmão, Carlos Eduardo Toledo Lima, 23, de ter sido o mentor do crime. Vianna, no entanto, disse que o menor não detalhou se as ameaças foram físicas ou verbais. E. foi interrogado pelo juiz no início da tarde desta quarta-feira, 14. "Elementos indicam que ele (o irmão) não participou", disse Vianna, acrescentando que, para desvendar essa e outras dúvidas, convocou uma audiência para ouvir os outros quatro acusados maiores de idade como testemunhas no processo de E. Segundo a polícia, Carlos Eduardo é o líder da quadrilha e o mais perigoso dos rapazes, com algumas passagens por delegacias. De acordo com a versão de E., ele rendeu a comerciante Rosa Cristina Fernandes com uma arma de brinquedo e entrou no banco do carona, onde estava a irmã de João Hélio, Aline. Em seguida, segundo relatou Vianna, o menor teria dito que ajudou a soltar João Hélio do cinto de segurança, se contorcendo no banco da frente. Por esse motivo, E. e Diego Nascimento da Silva, outro membro do bando, só teriam visto que o menino havia sido arrastado quando o carro parou, sete quilômetros depois. A coordenadora de unidades de internação do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), Maria Regina Alt, contou que E. está alojado com outros quatro menores que também cometeram crimes mais graves e têm de ficar separado dos outros. Depois da acareação, segundo ela, ele jantou normalmente. Depois do depoimento, ele foi levado de volta sozinho para o Instituto Padre Severino, na Ilha do Governador. Durante a audiência de apresentação ao juiz, seus pais estiveram presentes o tempo todo, mas não quiseram dar entrevistas, afirmando que se sentem ameaçados pela comoção que o crime causou. Diante do juiz, E. confessou um outro roubo de carro com o irmão e Diego, em Madureira, na zona norte do Rio, antes do crime.

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