Mentor do furto do BC teria pago R$ 3 milhões por liberdade

Policiais de SP e CE são suspeitos de seqüestrar e achacar vários criminosos envolvidos no furto

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Por Gustavo Miranda
Atualização:

Em reportagem publicada pelo Jornal da Tarde em outubro de 2006, os repórteres Josmar Jozino e Rita Magalhães revelaram a existência de um esquema de achaques pagos pelos ladrões do BC para a manutenção de sua liberdade. Segundo a PF, policiais extorquiram cerca de 30% dos R$ 164,7 milhões roubados em Fortaleza. Policiais de São Paulo e do Ceará ficaram com cerca de R$ 50 milhões do montante levado. Apenas Antônio Jussivan Alves do Santos, homem preso nesta terça e apontado como mentor do furto milionário, Alemão teria pago R$ 3 milhões por sua liberdade. Veja também: PF prende mentor do milionário furto ao BC de Fortaleza Segundo advogada, Alemão nega ser mentor de roubo ao BC  Em 2006, o delegado federal Antônio Celso, responsável pelas investigações, afirmou que, oficialmente, a PF investigava seis casos de concussão (extorsão praticada por funcionário público), todos em São Paulo. No papel, com base em depoimentos e denúncias dos próprios criminosos, os federais apuram o pagamento de R$ 7,1 milhões a agentes públicos. Na época, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que a Corregedoria Geral da Polícia Civil instaurou dois inquéritos. O primeiro investigou a extorsão mediante seqüestro do traficante Luiz Fernando Ribeiro, de 26 anos, em 7 de outubro de 2005. A família dele relatou que pagou a policiais civis R$ 2,14 milhões de resgate. Mesmo assim, o traficante foi executado. O mesmo inquérito apurou o suposto roubo de R$ 2,4 milhões, denunciado à Justiça Federal pelo assaltante Pedro José da Cruz, o Pedrão, preso em novembro de 2005. O segundo inquérito da Corregedoria foi aberto para apurar a extorsão de Raimundo Laurindo Barbosa Neto, de quem policiais civis de São Paulo e São Bernardo teriam exigido R$ 450 mil. Na época, a PF informou ainda que investigava ainda as seguintes denúncias de extorsão: de R$ 1 milhão pago por Raimundo Pereira de Souza, o Piauí; R$ 800 mil pagos por Marcos Rogério Machado de Moraes, o Cabeção (ambos em São Paulo); e três seqüestros no Ceará. Segundo a PF, das mais de cem denúncias de extorsão, várias informavam que integrantes da elite do bando - Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão; Moisés Teixeira da Silva, o Cabelo; e um de prenome Jesiel - haviam sido presos e soltos após pagar propina.

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