PUBLICIDADE

Mercado negro, o provável destino das telas

Leilões e procura de colecionadores por obras de Portinari e outros modernistas fazem crescer cobiça de ladrões

Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

É improvável que O Lavrador de Café de Portinari, furtado na quinta-feira do Masp, seja oferecido no mercado negro nos próximos dias, mas certamente o destino dele, segundo marchands de São Paulo e do Rio, deverá ser esse, se a direção do Masp não for surpreendida antes com um pedido de resgate de possíveis seqüestradores. Dois profissionais do mercado de arte, os galeristas Soraia Cals e Ricardo Camargo, acreditam que o furto das telas de Picasso e Portinari do Masp foi encomendado. Soraia Cals vendeu há um mês, em leilão, para um colecionador de São Paulo, uma tela de Portinari dos anos 40, Espantalho, por R$, 3,85 milhões. Garante, a exemplo de Ricardo Camargo, que o mercado está aquecido - não para pinturas como a do Masp, obviamente, catalogadas e fora de comércio. De qualquer modo, outras obras de artistas igualmente famosos furtadas no Brasil já apareceram em leilões fora daqui - até mesmo um Matisse oferecido pela internet por um leiloeiro na Rússia. Todos os marchands entrevistados pelo Estado mostraram indignação diante da facilidade com que os ladrões conseguiram entrar no prédio do Masp, utilizando apenas um pé-de-cabra e um macaco hidráulico. Soraia Cals e Ricardo Camargo culpam a direção da instituição pela precária segurança. O local estava com o alarme desligado na hora do furto e tem câmeras de segurança ultrapassadas, incapazes de mostrar com nitidez o que se passa no interior do museu. "Como alguém pode comandar um museu como o Masp sem pagar a conta de luz?", pergunta o marchand Camargo, seguido em coro por Soraia Cals. "É de uma incompetência absoluta e os diretores deveriam ser responsabilizados criminalmente", sugere a galerista carioca.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.