Mesmo sem verba, Museu Afro Brasil reabre hoje

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Por Vitor Hugo Brandalise
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O Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, zona sul de São Paulo, fechado desde sábado por problemas financeiros, será reaberto hoje, segundo garantiu a diretoria da instituição. "Chegou um momento em que a situação ficou insustentável e tivemos de fechar. Vamos reabrir para não repassar à sociedade um problema interno da instituição", disse Emanoel Araújo, diretor e curador do museu. A instituição acumula dívidas de cerca de R$ 200 mil e não paga funcionários há dois meses. Mesmo trabalhando praticamente sem recursos, a diretoria do museu afirma que os agendamentos de visitas escolares, principal público em dias da semana, já recomeçou. Segundo Araújo, o museu estará aberto em horário normal de funcionamento, de terça a domingo, das 10 horas às 17 horas. "Nos manteremos abertos, mas nossa situação só começa a ser regularizada quando os recursos do governo do Estado forem repassados", disse Araújo. Na terça-feira, a Associação Museu Afro Brasil, que administra a instituição, assinou convênio com o governo do Estado - até 2012, R$ 28,3 milhões serão destinados para o museu. Cerca de R$ 4 milhões devem ser repassados em 2009, provavelmente a partir da semana que vem, para sanar os principais problemas. Até aqui, o Museu era mantido com recursos da Prefeitura - cerca de R$ 1,8 milhão por ano - e de patrocínio de empresas privadas. As dívidas, porém, não poderão ser pagas com os recursos do Estado. "Não está previsto no contrato o pagamento de dívidas anteriores. Para pagar os funcionários, estamos pensando em fazer algum evento e arrecadar recursos", afirmou Araújo. "Buscamos patrocínio de empresas para nos ajudar nisso também." Nos últimos tempos, o museu enfrenta problemas para pagar serviços básicos, como água, luz, telefone e internet. Na segunda-feira, a eletricidade no prédio chegou a ser cortada. "Tivemos de pedir diretamente ao governo do Estado para religar a energia. Uma tristeza", conta Araújo. Serviços de limpeza, manutenção e até os educadores do museu também eram pagos de forma intermitente. Após a celebração do convênio com o governo do Estado, o Museu Afro Brasil - localizado no Pavilhão Manoel da Nóbrega, próximo ao portão 10 do Ibirapuera - espera iniciar uma fase "de estabilidade". "Temos de consolidar nosso papel no circuito cultural de São Paulo, para mostrar nosso acervo, que reflete a importância do negro na formação da sociedade brasileira", disse Araújo. Também estão previstos o restauro do acervo, a reforma na estrutura do prédio, estimada entre R$ 7 milhões e R$ 10 milhões, e a ampliação da reserva técnica.

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