Metrô volta, mas Serra promete demissões

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Foto do author José Maria Tomazela
Por Daniel Gonzales , Andressa Zanandrea , Felipe Grandin e José Maria Tomazela
Atualização:

Metroviários acataram determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e encerraram ontem a greve iniciada à zero hora de quinta-feira. Às 21 horas, o serviço já havia sido retomado. Após a decisão do TRT, antes mesmo da assembléia dos metroviários, encerrada às 19 horas, o governador José Serra afirmou que vai demitir funcionários do Metrô. "Vamos ter que fazer demissões, isso é certo", disse, em Sorocaba. Serra não especificou em que setores haverá cortes nem quantos funcionários serão dispensados. "Isto é depois, primeiro é preciso garantir a volta à normalidade." Segundo a assessoria da Secretaria de Transportes Metropolitanos, devem ser demitidos supervisores em cargo de confiança que aderiram ao movimento. A zona leste, novamente, foi a mais afetada pela greve, sem o apoio da Linha 3-Vermelha para levar a população até o centro. Para complicar, motoristas e cobradores da Viação Himalaia, a maior empresa de ônibus da região, que transporta 329 mil pessoas por dia, não trabalharam. As Linhas 2-Verde e 1-Azul do metrô funcionaram desde as 6 horas, graças a uma força-tarefa dos funcionários. Mais preparada, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) absorveu melhor o fluxo extra de passageiros, mas a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a São Paulo Transporte (SPTrans) pouco conseguiram fazer para aliviar congestionamentos. O pico de lentidão, de 153 quilômetros, foi registrado às 9h30. Às 19 horas, as filas eram de 180 quilômetros. Na Estação da Luz, a suspensão da integração entre trens e metrô causou mais confusão. Muitos passageiros não sabiam que precisavam dar a volta por fora e pagar outra passagem para seguir viagem de metrô. No Jabaquara, zona sul, 300 pessoas se aglomeravam na entrada da estação, às 5h40, entre elas o operador de empilhadeira Marino Vieira, que saiu de casa, em Diadema, às 4 horas para chegar antes das 6 à Barra Funda. No dia anterior, ele perdeu o dia de trabalho. "Avisei que não tenho hora para chegar." Quando a estação foi aberta, um dos primeiros da fila era Amaro Francisco, de 42 anos. "Tenho medo de perder a viagem", disse enquanto corria, de muletas, para entrar no metrô. "A greve é abusiva." Ao longo da Radial Leste havia filas nos pontos de ônibus. Desde as 4h30, ônibus saíam cheios do Terminal Metrô Corinthians-Itaquera com destino ao Parque D. Pedro, no centro. De carro, o universitário Aguinaldo da Silva levou uma hora e meia de Itaquera ao Tatuapé e se atrasou 30 minutos para um compromisso. "As pessoas deviam faltar no trabalho para mexer no bolso dos empresários. Só assim os grandes tomariam atitude." Para quem saiu mais tarde, a manhã foi normal. Os trens continuaram operando em intervalos maiores (de 3 a 5 minutos), mas não estavam superlotados.

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