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''Mídia tem de parar de achar que não pode ser criticada''

Presidente defendeu regulação do setor e criticou a imprensa, mas disse que sentirá [br]saudade dos jornalistas

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Por Leonencio Nossa
Atualização:

No seu último café com jornalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, expôs a sua mágoa em relação à cobertura jornalística do seu governo e tentou agradar o subordinado defendendo o projeto de regulação da mídia. "Não defendo o controle da mídia, mas a responsabilidade", disse. "A mídia tem de parar de achar que não pode ser criticada."Nos dois mandatos, Lula sempre deixou a polêmica da regulação da mídia limitada ao âmbito das conferências lideradas por setores do PT e aos seus discursos em épocas de crise política. Os quatro ocupantes do Ministério das Comunicações no governo Lula - Miro Teixeira, Eunício Oliveira, Hélio Costa e José Filardi - mantiveram, por exemplo, o tradicional esquema de concessão de rádios a políticos."Espero que seja feito um debate. Quando você promete um debate, não está apoiando o que diz a extrema direita nem o que diz a extrema esquerda, mas um consenso", acrescentou. Antes do café, só uma parte dos jornalistas pôde participar do sorteio das cadeiras próximas do presidente, onde se podiam fazer perguntas. A reportagem do Estado não foi incluída nessa lista. A equipe da Secretaria de Imprensa procurou blindar Lula até o final do encontro. Um dos assessores, Nelson Breve, tentou encerrar abruptamente a entrevista enquanto o presidente falava do problema das estradas. Mas a entrevista teve até momentos de tietagem, quando, por exemplo, uma rádio mandou entregar ao presidente um relógio de pulso.Lula estava descontraído e abusou do estilo "bate e assopra" para falar da imprensa. Reclamou das críticas que recebeu por defender uma aproximação com o Irã e da falta de desculpas dos jornalistas ao ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, que caiu depois de um escândalo de corrupção. Na verdade, Rondeau foi acusado de corrupção pela Polícia Federal. O presidente, porém, também afagou os jornalistas: "Por incrível que pareça vou sentir falta de vocês. Não é sentir falta, é saudade." Mais tarde, em reunião com o CNPq, Lula referiu-se a esse encontro, quando lhe perguntaram como gostaria de ser lembrado. "Eu disse que dependia do jornal que ele lesse, da televisão que assistisse. Não pode ser uma coisa vesga..." E, voltando-se para o ministro Paulo Bernardo: "Esses dias li uma matéria em que a grande derrotada nas eleições foi a Dilma e os vitoriosos foram o Serra e a Marina."

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