Ministério da Agricultura encontra fungos, bactérias e ácaro em pacotes de sementes não solicitados

Até o momento, foram confirmados 258 pacotes de sementes não solicitados em 24 Estados e no Distrito Federal; pasta afirma que estão sendo tomadas todas as medidas para impedir a introdução de novas pragas no País

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Por André Borges
Atualização:

Brasília - O Ministério da Agricultura informou nesta terça-feira, 6, que foi confirmada a presença de fungos, bactérias e ácaro nos pacotes de sementes não solicitados que foram enviados a diversas cidades do Brasil. Até o momento, foram confirmados 258 pacotes de sementes não solicitados em 24 Estados e no Distrito Federal. Maranhão e Amazonas foram os únicos estados que não registraram recebimento do material.

Pacotes com sementes enviadas da China para os Estados Unidos Foto: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos/ Reuters - 24/7/2020

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Segundo informações da Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foram encontrados fungos, bactérias e possibilidade de espécies vegetais quarentenárias (que não existem no Brasil) nos pacotes de sementes.

As análises laboratoriais identificaram a presença de ácaro vivo em uma amostra; de três fungos diferentes em 25 amostras; de bactéria em duas amostras; e possibilidade de espécie de planta quarentenária em quatro amostras. O estudo é feito pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás.

“A expectativa é que em 30 dias haja um detalhamento maior desses resultados”, declarou o Mapa. Em entrevista coletiva virtual nesta terça-feira, 6, o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, disse que estão sendo tomadas todas as medidas para impedir a introdução de novas pragas no país.

Os pacotes foram supostamente enviados de quatro países da Ásia. Inicialmente, a investigação está sendo feita apenas na esfera administrativa pelo Mapa. Segundo o secretário José Guilherme Leal, após o recolhimento de todas as informações, será feita interação com as autoridades fitossanitárias dos países que supostamente fizeram o envio do material. Caso seja necessário, outros órgãos, como autoridades policiais, poderão ser acionados. Ele informou que “ainda não há elementos para afirmar se é uma ação intencional” para introdução de uma praga no Brasil.

O diretor Carlos Goulart afirmou que nenhum país relatou ter recebido material proveniente do Brasil.

O ministério orienta que as pessoas que receberem os pacotes devem encaminhá-los a uma unidade do Mapa ou entidade estadual de agricultura, sem medo de ser penalizado. O secretário alerta que o material não deve ser manuseado.

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O secretário reforçou a importância de a população não abrir os pacotes nem manusear as sementes. “Estamos falando de material não solicitado, que não tem controle e não sabemos a origem nem o que está carregando. Apesar da pequena quantidade, podem trazer pragas para a nossa agricultura, como plantas daninhas, fungos, outras doenças como bactérias, vírus”, disse Leal.

Além disso, o Mapa afirma que as sementes podem ter sido tratadas com algum elemento químico ou ser um produto tóxico, por isso não devem ser manuseados pelas pessoas, plantadas ou descartadas no lixo, para evitar uma possível germinação. 

O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart, disse que o recebimento desse material não solicitado nessa quantidade é inédito no mundo. “Essa importação de material, solicitado ou não sem a certificação, sempre foi proibida no Brasil e no mundo. O que chamou a atenção foram usuários terem recebido os pacotes sem terem sido solicitados.”

O secretário e o diretor pedem ainda que as pessoas não descartem a embalagem original dos pacotes. As informações contidas na embalagem são fundamentais para rastrear a origem do material.

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Apreensões

Do ano passado para este ano, houve um aumento de cerca de 150% (passando de 2 mil por mês para 5 mil por mês) no número de apreensões desse tipo de material na central de distribuições dos Correios em Curitiba, onde é centralizada a inspeção de pacotes de menor peso (até 2 kg).

“O risco é desconhecido, então o alerta é máximo. Quando fazemos viagens internacionais também não devemos trazer esses produtos. Isso coloca nossa agropecuária em risco, todo o nosso bioma, pois não sabemos o potencial de danos desse material ao Brasil”, disse o diretor do Departamento de Serviços Técnicos, José Luís Vargas.

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No primeiro semestre deste ano, a fiscalização interceptou 33.734 caixas ou envelopes contendo partes de vegetais (folha, flores e caules), material de propagação vegetal (mudas, bulbos), produtos vegetais que apresentam risco, sementes e outros na central em Curitiba. Do total, 26.111 foram destruídos, 2.383 foram devolvidos ao local de origem e 5.240 liberados após checagem da documentação. 

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