Ministério Público investiga ação de polícia nos presídios

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público de São Paulo começou a investigar nesta quarta-feira as denúncias envolvendo policiais militares do Grupo de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância (Gradi). O grupo é acusado de infiltrar, sem autorização da Justiça, presos para espionar a organização criminosa que atua nos presídios, o PCC. Um destes presos afirma que o confronto entre a polícia e bandidos numa rodovia em 5 de março, no qual morreram 12 criminosos, foi uma execução sumária ocorrida com conhecimento e autorização do secretário da Segurança Pública, Saulo Abreu. O Órgão Especial do Colégio de Procuradores, integrado por 40 membros - órgão máximo do Ministério Público paulista - enviou hoje à comissão de registros e normas da entidade proposta para formar uma comissão especial, integrada por procuradores da Justiça, para investigar a Gradi. Após o parecer, a proposta voltará ao Órgão Especial, para decisão final. A representação é assinada pelo procurador da Justiça Renê Pereira de Carvaho, membro do Órgão Especial. Ele ressalta que as denúncias revelam a "ocorrência de fatos graves" envolvendo secretarias de Estado, magistrado e setores de investigação. Para ele, o caso extrapola "os limites de atuação de promotores de Justiça, correndo o sério risco de perda do poder de império a ser exercido pelo órgão máximo do Ministério Público do Estado de São Paulo." Carvalho usou na representação reportagens "cuidando de particularidades delicadíssimas respeitantes à movimentação irregular de presos incumbidos de infiltração em diversos estabelecimentos penitenciários do Estado". Segundo ele, estas reportagem informam sobre "a morte violenta de duas dúzias de infratores", numa referência às mortes dos bandidos na rodovia. "A responsabilidade, a extensão das ilegalidades, a multiplicidade de homicídios, o entrelaçamento de suspeitas e de condutas irregulares entre setores do Poder Judiciário, de secretarias de Estado e repartições outras de polícia investigativa e repressiva impõe, mais do que recomendam, a conjunção de esforços deste Colegiado na assunção de providências urgentíssimas impostas pelo clamor popular, preservando-se também a vida de outros tantos reclusos deixados à deriva na imensidão do sistema penitenciário do Estado de São Paulo", disse a nota.

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