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Ministro admite erro e descarta ida de Beira-Mar para o Piauí

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, admitiu nesta terça-feira que errou ao anunciar prematuramente a transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para a Penitenciária Irmão Guido, no Piauí, que seria federalizada pela União. Thomaz Bastos praticamente confirmou que a intenção do governo federal de usar o presídio para detentos de alta periculosidade está descartada. O ministro também criticou a imprensa por tornar Beira-Mar ?um pop star?. Na semana passada, Thomaz Bastos tinha acertado a federalização do presídio com o governador Wellington Dias (PT), que voltou atrás nos últimos dias, depois da pressão popular e política, principalmente da oposição, em seu Estado. Nesta terça foi a vez de a bancada piauiense no Senado se manifestar contra a transferência de Beira-Mar para Teresina."É natural que ele, indo para lá (Beira-Mar), vá atrair seus familiares, advogados e até mesmo seus comparsas", alegou o senador Heráclito Fortes (PFL). Ele protestou contra a iniciativa da tribuna do Senado, na semana passada, alegando que "o Piauí não é o penico do mundo". A União não quer causar constrangimentos ao governador do Piauí, e, por isso, na reunião que Thomaz Bastos terá, nesta quarta-feira, com Wellington Dias, Thomaz Bastos deve anunciar a desistência do governo federal de transferir o traficante para o presídio piauiense. ?Não deveria ter dito que o traficante (Beira-Mar) iria para o Piauí. Tudo estava certo, mas agora depende do governador?, afirmou o ministro. Segundo Heráclito Fortes (PFL-PI), Thomaz Bastos saiu de um encontro com ele e os dois outros senadores do Piauí ? João Alberto (PMDB) e Mão Santa (PMDB) ? convencido de que a penitenciária não tem condições de abrigar presos de alta periculosidade, como Fernandinho Beira-Mar. Segundo ele, não só porque a penitenciária fica na área urbana, como também pelo risco de o Estado ficar estigmatizado como "reduto de bandidos". O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Nilson Naves, endossou as críticas do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, contra os governadores que não querem abrigar presos de alta periculosidade. Para o ministro, todos os Estados se queixam da violência urbana, "mas ninguém quer dar o seu apoio e ajuda para que determinados criminosos fiquem aqui ou ali". "É uma pena", desabafou Naves, após conversar com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), Edison Lobão (PFL-MA), sobre o reinício da tramitação da reforma do Judiciário. "Estamos nos queixando, mas faltam cooperação e ajuda dos Estados", alegou. Ele admitiu que, ao adotarem tal reação, os governadores estariam confessando a fragilidade da segurança pública que comandam. O ministro reiterou sua posição contrária ao endurecimento das penas como forma de reprimir a violência. Segundo ele, essa meta só será alcançada com a profissionalização e o reaparelhamento das polícias e com modificações na Lei de Execuções Penais. Nilson Naves disse que apóia o projeto de lei que endurece o cumprimento da pena de presos de alta periculosidade, já votado na Câmara e que nesta quarta deve ser examinado pelos senadores. Veja o especial: Veja o índice de notícias sobre o Governo Lula-Os primeiros 100 dias e os ministérios

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