Ministro usa mercado como trunfo para ficar

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Por Tania Monteiro e Leonencio Nossa
Atualização:

Sem sustentação política, o ministro Antonio Palocci está usando sua relação com empresários da infraestrutura e representantes do setor financeiro para convencer a presidente Dilma Rousseff a mantê-lo no cargo. Em encontro na manhã de ontem no Planalto, Dilma avaliou que as entrevistas do dadas pelo ministro para derrubar as suspeitas de tráfico de influência e enriquecimento ilícito não diminuíram a crise. À presidente, Palocci tem dito que busca apoio de aliados no Congresso e aposta na interlocução com o mercado para controlar setores do PT, do PMDB e do próprio Planalto que já defendem sua demissão. Palocci tenta vender a imagem de "ministro do mercado", disse um interlocutor do governo. No encontro, Dilma avaliou que Palocci se colocou de forma "técnica" na entrevista ao Jornal Nacional, mas não diminuiu a crise.Representantes da construção civil, dos bancos e da mineração fizeram chegar a auxiliares diretos de Dilma sinais de que mantêm a confiança em Palocci. Por telefone, empresários fizeram elogios ao ministro pela decisão de não apresentar a lista dos clientes do escritório de consultoria mantido por ele até dezembro. O silêncio de Palocci foi justamente o que deixou a presidente mais incomodada. Assessores do Planalto informaram que o ministro não apresentou para a presidente a lista dos clientes. Dilma, por sua vez, não cobrou os nomes. Os assessores não escondem que a tática é evitar que ela se envolva em um problema futuro. Ao mesmo tempo que ressalta sua boa relação com o mercado, Palocci tenta convencer colegas de governo de que conseguirá recompor os laços rompidos com o PMDB e vencer a queda de braço dentro do PT. Ele tem tentado o apoio do vice-presidente Michel Temer, do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). No PT, recorre ao presidente da sigla, Rui Falcão, e aos deputados Cândido Vaccarezza (SP) e Paulo Teixeira (SP). Enquanto a crise envolvendo Palocci se estende, o nome que ainda se mantém como alternativa é o da ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

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