PUBLICIDADE

Missa na Sé reúne família real

Parte dos parentes das vítimas chegou do Recife pouco antes da cerimônia religiosa

Por Clarissa Thomé
Atualização:

Na igreja que testemunhou os momentos mais importantes da família imperial, como o casamento de d. Pedro I, a sagração de d. Pedro II e o batizado da princesa Isabel, o príncipe d. Antônio de Orleans e Bragança fez ontem um discurso emocionado em memória de seu filho, Pedro Luís, um dos passageiros do voo AF 447, da Air France. "Estou aqui como um simples pai", disse, com voz embargada. "Peço a todos que estão aqui, passando por todo esse sofrimento, que tenham fé em Deus. Não perdemos nossos filhos. Nós os devolvemos a Deus. Quando recebi a notícia, senti ciúmes de Deus, que está com meu filho querido. A dor é muito forte, mas mantenho a fé", disse. A missa na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, que foi capela imperial, foi rezada pelo arcebispo do Rio de Janeiro, d. Orani Tempesta, e reuniu cerca de 180 pessoas. Poucos familiares de passageiros compareceram à cerimônia - muitos deles passaram o dia no Recife, acompanhando as investigações sobre o acidente, e chegaram poucos minutos antes de a missa começar. A família imperial era a mais numerosa - cerca de 20 pessoas, entre irmãos, primos e tios de Pedro Luís. Maria Elisabeth de Orleans e Bragança, de 27 anos, estava na África, onde atua na ONG Médicos Sem Fronteiras, e voltou ao País ao saber do desaparecimento do primo. "Saber que não localizaram os destroços faz com que tenhamos alguma esperança, mas a dor não diminui", comentou, muito emocionada. A estudante Tuane Rocha, de 26 anos, chorava o desaparecimento do noivo, o empresário russo Andrey Kiselev, de 47. Eles moravam juntos havia um ano em Moscou e ela trouxe o empresário para conhecer sua família. "Mostrei o Rio para ele, que adorou a cidade. Andrey deveria voltar para Moscou no dia 24, mas adiamos o voo para que ele pudesse ficar mais uma semana. Agora acabou tudo." Tuane contou que Kiselev voltaria ao Brasil em junho. "Nos casaríamos no dia 18, quando faço aniversário." D. Orani ressaltou que a missa não era uma "homenagem aos mortos", mas uma cerimônia em intenção aos desaparecidos. "Trabalhamos com a fé e a esperança." Ele transmitiu a bênção e a solidariedade do papa Bento XVI. No fim, entregou um exemplar do Novo Testamento aos parentes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.