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Modelo brasileira morre aos 21 anos vítima de anorexia

Ana Carolina Reston teve infecção generalizada por conta de dieta. Especialistas dizem que doença atinge mais mulheres, que resistem em reconhecer distúrbio

Por Agencia Estado
Atualização:

A modelo Ana Carolina Reston Macan, de 21 anos, morreu na última terça-feira vítima de anorexia nervosa, depois que o seu quadro se agravou e evoluiu para uma infecção generalizada. A jovem tinha cerca de 40 quilos e 1,74 m de altura e um Índice de Massa Corporal (IMC) de apenas 13,2, quando o ideal é 18,5, de acordo com a Organização Mundial da saúde (OMS). Para calcular o índice, divide-se o peso pela altura ao quadrado. A menina deveria pesar pelo menos 57 quilos para estar saudável de acordo com o índice. Ana Carolina estava internada desde 25 de outubro com insuficiência renal. Foi enterrada no cemitério de Pirapora do Bom Jesus, na Grande São Paulo. Nascida em Jundiaí, numa família de classe média, a modelo brasileira sonhava em ser modelo desde criança. Após vencer um concurso realizado no interior, foi "descoberta" por uma olheira de agência e começou a trabalhar com 13 anos. Atualmente, Ana Carolina trabalhava para a agência L´equipe. A prima de Ana Carolina, Geise Strauss, de 30 anos, com quem morava em suas temporadas no Brasil, revelou que a menina comia pouco e, logo depois, ia para o banheiro (provavelmente vomitar o que havia ingerido), segundo entrevista publicada no jornal Folha de S. Paulo. Geise contou ainda que o que a prima mais comia era maçã e tomates. Doença Bulimia e anorexia são dois distúrbios alimentares que atingem principalmente mulheres e atingem com maior freqüência as que trabalham em atividades relacionadas à moda e à imagem, como modelos e atrizes, afirma o endocrinologista Ricardo Botticini Peres, do Hospital Albert Einstein. Segundo ele, na anorexia a pessoa não tem apetite. Já na bulimia, a pessoa come compulsivamente e depois vomita o que ingeriu. "O que ocorre é que muitas vezes os dois estão associados", explica o médico. Peres defende que o tratamento ideal envolve uma equipe multidisciplinar com endocrinologista, psicólogo, psiquiatra e nutricionista. "A terapia é essencial para a pessoa tratar aspectos como a ansiedade e entender que está doente", diz Peres. A psicóloga Maria Beatriz Meirelles Leite, que trabalha com agências de modelos, conta que as adolescentes que têm a doença sempre se acham gordas ao se olharem no espelho. "Há uma resistência da adolescente em aceitar a anorexia. A menina não vê a necessidade de procurar um tratamento por acreditar que esteja tomando a atitude correta", afirma a psicóloga. É difícil também para a família perceber o problema. Para começar, é comum que as modelos passem muito tempo longe de casa e embora rejeitem a idéia de estarem doentes, as meninas disfarçam o problema. "Elas costumam, por exemplo, esconder comida, fazer ginástica num ritmo excessivo e usar laxante escondido da mãe", alerta Maria Beatriz. De acordo com o endocrinologista Ricardo Peres, a melhor forma de notar a doença é a atenção que os familiares ou as pessoas próximas devem ter quando as adolescentes insistem que estão gordas por mais magras que estejam e sempre reclamam que a roupa está apertada. Maria Beatriz concorda que as agências exigem um certo padrão estético das modelos, mas isso não pode comprometer a saúde das jovens. Ela acha estranho que a agência L´equipe não tenha percebido o problema de Ana Carolina. "As meninas são pesadas periodicamente e caso estejam muito abaixo do peso, são encaminhadas para terapia. Não entendo como às vésperas da morte, a menina, mesmo nessa situação, ainda tinha viagem marcada para Paris". Matéria atualizada às 16h44

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