Moradores calculam prejuízo após a chuva em São Paulo

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Por Agencia Estado
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O sábado foi de muito trabalho para os moradores que tiveram suas casas inundadas em conseqüência da forte chuva que atingiu a cidade na tarde de sexta-feira. Foram registrados 33 pontos de alagamento, oito árvores caídas, dois deslizamentos e cinco desabamentos - três barracos e dois muros. Mas, segundo a Defesa Civil, não houve registro de desabrigados. No Limão, um dos pontos mais atingidos pela chuva, o estrago foi grande. Alguns moradores passaram a madrugada tentando limpar suas casas e recuperar o que sobrou em meio à lama. A água invadiu a maioria das casas nas Ruas Eulálio da Costa Carvalho e Mateus Mascarenhas. O cenário não é novidade para quem mora no local. "Estou aqui há 35 anos e já passei por isso antes", contou a dona de casa Maria Luiza Scaramuci. "Nessa época é sempre assim. Desta vez, a água subiu uns 40 centímetros em minha casa." Maria Luiza perdeu colchões, roupas e remédios, seus móveis e eletrodomésticos estão estragados, assim como os dos vizinhos. Maria das Graças Lordelo, moradora na Travessa Divisa Nova, lamentava mais um estrago provocado pela chuva. "E essa foi só a primeira do ano." O muro de defesa, de cerca 70 centímetros, erguido na porta da frente, não foi suficiente para barrar a água. Só um milagre para resolver o nosso problema." Na mesma travessa, o casal Davilson e Maria Amélia de Carvalho também aderiu ao muro de defesa na porta de casa. Mesmo assim, a mulher, que é costureira, perdeu mais uma vez os motores das suas três máquinas de costura. "Já aumentamos o tamanho do muro várias vezes, mas não tem jeito." A família do aposentado Júlio Bueno, morador da Rua Eulálio da Costa Carvalho, ficou ilhada depois da chuva. Hoje pela manhã, ele e a mulher, Maria, tentavam calcular os estragos no carro, que estava na garagem e foi coberto pela água. A rua continua alagada e a situação deve permanecer nos próximos dias. Segundo os próprios moradores, acostumados com o problema, mesmo se parar de chover a água deve demorar uma semana para baixar totalmente. Vizinha do casal, Mercedes Salvan saiu para trabalhar na sexta-feira e quando retornou não conseguiu entrar no seu imóvel. "Dormi na casa do meu irmão e ainda não sei qual a situação da minha casa. Vamos ver qual será a surpresa." Favela Os moradores culpam a Favela Beira Rio pela situação. "Moramos aqui há tanto tempo e antigamente não tínhamos esse problema. A solução está na cara, é só tirar a favela daqui", acredita a agente comunitária Severina Musto, há 40 anos no local. A opinião é compartilhada pela maioria. O subprefeito da Casa Verde/Vila Nova Cachoeirinha, José Luiz Leite, esteve hoje na região e disse aos moradores estar ciente da situação. Segundo ele, no ano passado foram retirados dez caminhões de lixo do córrego, sob a favela, mas isso não foi suficiente. A proposta do subprefeito é construir dois alojamentos em áreas próximas para remover, até abril, as 329 famílias que vivem na favela, limpar o córrego e construir uma galeria alternativa.

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