Moradores cobram cientistas

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Por Eduardo Kattah
Atualização:

Moradores de Itacarambi cobraram ontem explicações dos pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) sobre a informação, prestada anteriormente à comunidade, de que os tremores sentidos desde maio não representavam riscos à população. Os especialistas já admitiram que foram surpreendidos com a magnitude do abalo, mas reclamaram que assumiram responsabilidades que eram das autoridades. Na noite de anteontem, durante uma palestra que técnicos do Observatório Sismológico da UnB faziam para cerca de 150 pessoas, entre elas muitos desabrigados de Caraíbas, alguns moradores fizeram um desabafo. Uma líder comunitária chegou a chorar, lembrando que um técnico havia dito que era mais fácil um raio cair na cabeça deles do que ocorrer um terremoto ali. ''''O povo culpou a gente'''', queixou-se o diretor do Observatório, Lucas Vieira Barros. Ele defende a criação de um órgão governamental que acompanhe fenômenos sísmicos no Brasil. Os pesquisadores da UnB estiveram no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu para recolher um dos seis sismógrafos instalados em outubro na região, que apresentou defeito. No parque será instalada uma estação sismográfica permanente. Barros critica a demora em obter licença ambiental para operar os aparelhos. ''''Temos 22 instrumentos parados há mais de dois anos porque o Ibama não dá autorização.'''' O especialista foi ao povoado de Quilombo, na cidade vizinha de Januária, e orientou um casal sobre os tremores. Desde o terremoto de domingo, Edite Lima, de 45 anos, passou a tomar um tranqüilizante de tarja preta. ''''É pavoroso, eu fico esperando o trovão que vem do chão'''', disse o marido dela, José Lima, de 59.

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