Moradores de Campinas acham que crime foi político

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Por Agencia Estado
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A versão de atentado político é a mais corrente entre moradores de Campinas. Cerca de 1,5 mil pessoas, conforme a Guarda Municipal, participaram da missa de sétimo dia do prefeito, na Catedral Metropolitana de Campinas. Um telão foi colocado do lado de fora da igreja para que a celebração fosse assistida também pelos que não conseguiram entrar. As primeiras pessoas começaram a chegar à Catedral por volta das 15 horas. "É como se tivéssemos ficados órfãos. Somos cidadãos órfãos", disse a enfermeira Maria Cecília Ferreira. Segundo ela, a integridade de Toninho era sinônimo de esperança na condução da cidade. "Podíamos confiar nele", garantiu, explicando que chegou à igreja com a mãe, Santa Ferreira, às 17 horas. As duas disseram acreditar em crime político. "Ele estava indo contra grandes interesses. Era um homem simples, justo, íntegro e inteligente. O povo se identificava com ele e ele com o povo", acrescentou Maria Cecília. O aposentado Geraldo Pedro da Silva Filho também sustentou a tese de crime político. E voltou a falar em esperança. "Ele mostrou nesse pouco tempo que iria fazer muito por Campinas, que iria ficar na história, mas não desse jeito", alegou. O aposentado já estava na igreja às 16 horas. Silva Filho se mostrou indignado porque a morte do prefeito de Campinas passou distante da agenda do presidente Fernando Henrique Cardoso. "Ele não enviou sequer um telegrama para a terceira maior cidade de São Paulo. Para Campinas, o Toninho era muito mais importante que os Estados Unidos", afirmou. A assessoria de imprensa da Prefeitura confirmou que FHC não se manifestou sobre a morte do prefeito. A missa teve início às 19h40, com participação de políticos de diferentes partidos, parentes e amigos do prefeito morto. Além de um grupo de 150 servidores públicos, que organizaram uma passeata pelas ruas do centro da cidade e abraçaram simbolicamente a prefeitura antes da celebração. A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas apresentou peças eruditas durante a missa. Muito emocionadas, a mulher e a filha do prefeito morto, Roseana Santos e Marina, leram textos em homenagem a Toninho. No ofertório, foram levados para o altar lírios brancos e cartazes com projetos administrativos do prefeito. O tom da celebração foi político, de exigir justiça para os culpados do assassinato e paz para os moradores da cidade. Os celebrantes pediram perdão pelo neoliberalismo, a busca do lucro, a corrupção, a injustiça social e o narcotráfico. Velas acesas e bandeiras brancas eram acenadas pelos fiéis. Uma declaração gravada de Dom Paulo Evaristo Arns e apresentada no final da missa lamentava a morte de Toninho e pedia paz à sua família. Pouco antes do encerramento da celebração, a mulher do prefeito pediu licença para utilizar uma frase. "Se você treme frente a uma injustiça, somos companheiros", proclamou. No próximo dia 24, às 17 horas, está marcada um ato público contra a violência, pela justiça e paz, no Largo do Rosário, no centro de Campinas.

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