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Moradores de Embu protestam contra conjunto da CDHU

Por Agencia Estado
Atualização:

Os moradores de Embu das Artes, na Grande São Paulo, estão realizando hoje, desde às 9h da manhã, manifestação contra a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado (CDHU). A intenção é impedir que a estatal paulista leve adiante um projeto habitacional de 22 prédios, que será erguido em uma área 443 mil m² no bairro do Pirajussara, periferia da cidade. Os moradores desejam transformar o local em um parque. Segundo o Movimento Pró-Parque Pirajussara, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente elaborou, em 1999, estudo sobre a região e constatou que a área de mata nativa ocupa 171 mil m². O restante é composto por matas secundárias, em processo de regeneração. O projeto da CDHU preservaria 96 mil m² de área verde, ocupando o restante com um conjunto habitacional. "Nem mesmo a mata primária seria respeitada, já que teria sua área reduzida", criticou um dos coordenadores do protesto, Paulo Oliveira, da Casa de Cultura de Santa Tereza e da Sociedade Ecológica Amigos de Embu. Para evitar a degradação da área, o Movimento reivindica a criação de um parque com, no mínimo, 272 mil m². O local também teria equipamentos de lazer e cultura para a população local, estimada em 200 mil habitantes. "É fundamental que a área seja usada para o lazer da população", afirmou Carlos Bocuhy, membro do Conselho Estadual do Meio-Ambiente, que apóia a iniciativa. Bocuhy lembra que a Unesco sugere um índice de 12 m² de área verde por habitante, nas cidades, para manter a qualidade de vida. "Aqui no Pirajussara, o índice é zero", resumiu. Disputa Conforme Oliveira, da Sociedade Ecológica Amigos de Embu, os moradores defendem a criação do parque há 15 anos. Um acordo entre a prefeitura do município e a CDHU precipitou o movimento, já que a companhia anunciou que pretende acelerar as obras. Contudo, o Movimento conseguiu impedir seu início, ao convencer a Câmara de Vereadores a transformar o local em Área de Proteção Ambiental do município. A lei paralisou as negociações entre a CDHU e o proprietário do terreno e impediu que a compra fosse efetivada. Agora, o Movimento Pró-Parque Pirajussara tenta convencer os governos estadual e municipal a aceitarem a proposta. Oliveira afirma, ainda, que Embu contém pelo menos dez outras áreas em condições de receber o conjunto habitacional, sem causar danos ambientais. Outra alternativa seria a ocupação de obras da própria CDHU, paralisadas por embargo judicial, desde as denúncias de irregularidade da gestão de seu ex-presidente, Goro Hama. "Há cerca de 20 prédios construídos pela CDHU na cidade que estão abandonados ou invadidos", defendeu Oliveira. Bocuhy, da Consema, concorda. "Não é preciso sacrificar a única área verde da região", acrescentou. Impacto Outro agravante, segundo Oliveira, é o impacto sobre a estrutura de lazer, saúde e educação do bairro. Isto porque o conjunto teria capacidade para 2 mil famílias, ou cerca de 10 mil pessoas. O conjunto não seria ocupado pelos habitantes locais, mas acomodaria as famílias remanejadas de áreas de manancial no entorno da represa Billings. Como o projeto da CDHU não prevê escolas, creches, postos de saúde e demais equipamentos para atender os novos moradores, os serviços já existentes seriam sobrecarregados, conforme Oliveira. A Agência Estado não conseguiu localizar dirigentes da CDHU.

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