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Moradores de favelas intermedeiam cessar-fogo com PM

Comandante diz que proposta é ´corajosa e ousada´; Maia critica iniciativa no RJ

Por Agencia Estado
Atualização:

O comandante da Polícia Militar do Rio, coronel Ubiratan Ângelo, afirmou nesta segunda-feira considerar "corajosa e ousada" a proposta de cessar-fogo levada a ele por líderes comunitários de favelas, que se comprometeram a propor a mesma coisa a traficantes de drogas das comunidades. O prefeito Cesar Maia (PFL) atacou a idéia, entregue também pelos moradores ao governador em exercício, Luiz Fernando Pezão. "Vamos lá realmente levar a mensagem de cessar-fogo (aos traficantes). Não existe acordo, é conscientização. Traficante também é ser humano. Está ali para defender o território dele. O cessar-fogo é para beneficiar 99% dos moradores, que não são bandidos", declarou o presidente de associação de moradores da Favela da Rocinha, William de Oliveira. O coronel recebeu um manifesto assinado por representantes de 18 favelas, que foi lido no auditório do quartel da PM. No documento, eles pedem o fim dos tiros: "Não nos interessa de quem é a culpa ou a arma, queremos o fim da guerra (...) somos todos alvos." Para a presidente da associação da Serrinha, em Madureira, Sandra Nogueira, o "recado" vai chegar aos bandidos. "A gente não é conivente, é convivente. Tenho certeza de que os bandidos também querem isso". Maia critica proposta Maia criticou a proposta e atacou a ONG Viva Rio, que organizou o encontro. "Fizeram isso no início do governo Garotinho e o tráfico cresceu. Fizeram isso durante a ocupação da Rocinha e deu no que deu. E ainda insistem. Levam a tiracolo o que chamam de representantes de favelas. Se fossem, teriam que ir clandestinos. A menos que o tráfico esteja adorando a medida. De outra forma, seria expor a vida deles." O prefeito disse que o Viva Rio é "uma das coisas mais perniciosas que aconteceram no Rio em matéria de segurança pública". Segundo ele, os integrantes da ONG são "pessoas de bem, mas completamente equivocadas", porque o que propõem "sempre fortalece o tráfico, e não a paz". Rubem César Fernandes, diretor-executivo do Viva Rio, que participou do encontro, não quis comentar as declarações do prefeito. "Se a PM se dobrar, o final do filme é conhecido: mais força para o tráfico de drogas. Que o secretário de Segurança fique em alerta e oriente o comandante da PM para não cair nessa esparrela. E dizem que vão pressionar o tráfico. Só se forem parte dele. Chega de empulhação", escreveu Maia. O comandante citou o número de 70 mil armas apreendidas nos últimos 5 anos para dizer que os criminosos estão dispostos a enfrentar a PM. "A PM tem que atirar em legítima defesa, para não morrer, e não para matar. Seja traficante ou inocente, não é nossa função matar. Só podemos responder a tiro se houver tiro. Mas o confronto existe. No último tiroteio na Vila do Cruzeiro, eles sustentaram 11 horas de tiro", declarou.

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