Moradores de rua vão para hotel e prédio de São Paulo

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo fez nesta segunda-feira a maior remoção de moradores de rua desde o lançamento do Plano de Reabilitação Urbanística, em agosto. Foram retiradas 65 pessoas dos Viadutos Alcântara Machado, na zona leste de São Paulo, e Antônio Nakashima, no centro. As famílias, 11 no total, passaram a ocupar um prédio de três andares na Liberdade, na região central. Os solteiros e casais sem filhos foram levados para o Hotel Kolins, no centro. A estimativa da Secretaria da Habitação é que mais de 5.500 pessoas ainda estejam nas ruas. Os novos moradores da Liberdade surpreenderam vizinhos e até mesmo a proprietária do prédio, Sônia Maria De Léo. Segundo ela, a Prefeitura não informou, durante as negociações, que os sem-teto ocupariam o local. "Achei que fossem pessoas com emprego fixo. Levei um susto, mas acho que vai dar tudo certo", disse Sônia. O secretário da Habitação de SP, Paulo Teixeira, não vê motivos para a surpresa. "Lançamos o programa publicamente. É de conhecimento da sociedade", afirmou. A Prefeitura vai pagar R$ 381,82 por mês por família no apartamento. No hotel, a diária é de R$ 10,00. Alheios ao mal-entendido, os moradores comemoravam a "conquista" de banhos quentes por pelo menos um ano, o tempo do contrato de locação. "O lugar é muito bom. As crianças ficaram maravilhadas com a banheira e também estamos livres dos ratos, que mais pareciam gatos, de tão grandes", comemorou a desempregada Margarete Severino, de 25 anos, mãe de quatro crianças. Duas famílias dividirão apartamentos de dois quartos, sala, cozinha, banheiro e lavanderia. Apertar-se com o marido e os cinco filhos em um quarto não desanimou a faxineira Keila Mares, de 30 anos. Ela ressaltou a facilidade de procurar emprego agora que dispõe de endereço fixo. "Antes, se eu falasse que morava embaixo do viaduto, não conseguia nada." No Hotel Kolins a satisfação era parecida. "Adorei ter televisão no quarto", afirmou a faxineira Eronildes Adélia de Jesus, de 55 anos. Ela vai dividir uma suíte com o companheiro. "Chorei quando saí do meu barraco, mas agora estou feliz de novo. Aqui é bonito demais." O Viaduto Alcântara Machado deve virar sede de um posto da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Os projetos para o Antônio Nakashima ainda estão em estudo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.