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Moradores de Santa Teresa protestam contra o descaso do governo com bondinhos

Parentes das vítimas do acidente de sábado também participam da manifestação

Por Tiago Rogero
Atualização:

RIO - Moradores de Santa Teresa, ferroviários, vítimas e parentes fazem um protesto na manhã desta quinta-feira, 1°, contra o acidente de sábado, que matou cinco pessoas e deixou 57 feridas, e o descaso do governo do Estado com a manutenção dos bondinhos. O transporte, suspenso desde a tragédia por tempo indeterminado, completa hoje 115 anos.

 

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"Queremos a exoneração imediata do secretário de Transportes, Júlio Lopes", disse a presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Elzbieta Mitkiewicz. Parentes do motorneiro Nelson Correia da Silva, que morreu no acidente, participaram do protesto. A esposa dele, Dulce, de 52 anos, que chorava muito, passou e foi amparada pelo filho, Nelson Araújo, de 31 anos.

 

"Estou aqui para defender a honra do meu pai. Estão usando ele como bode expiatório para o que aconteceu. Ainda não há sequer um laudo, como ele (Júlio Lopes) pode culpar o meu pai? Agora ele está morto, não pode se defender. Ele amava o trabalho. Era a vida dele", disse Nelson.

 

A Amast fez o batismo simbólico da estação Carioca dos bondinhos, no Centro do Rio, como "Estação Motorneiro Nelson Correia da Silva". Uma grande faixa com a foto do maquinista foi exposta com a pergunta: "Você vai deixar que coloquem a culpa nele?"

 

As dezenas de pessoas, com faixas e balões negros, seguiram pelas ruas do Centro aos gritos de "Fora, Júlio Lopes", "Fora, Cabral" e "Não à privatização". Ontem, o interventor dos bondes nomeado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), Rogério Onofre, afirmou que o transporte pode ser privatizado ou municipalizado.

 

Aniversário. Nesta quarta-feira faz 115 anos que um bonde passou pela primeira vez sobre os Arcos da Lapa rumo a Santa Teresa. Movido a eletricidade, ele inaugurava a fase moderna desse meio de transporte. Antes de 1896, já havia bondes no bairro, mas eram puxados por mulas e, embora deslizassem sobre trilhos, não circulavam sobre os Arcos, cuja função original era distribuir a água do Rio Carioca pela cidade.

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