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Moradores do Palace 2 fecham acordo com Naya

Por Agencia Estado
Atualização:

As vítimas do edifício Palace 2 assinaram nesta quinta-feira acordo para o recebimento das indenizações, quase quatro anos depois da queda do prédio, que desabou em 22 de fevereiro de 1998, matando oito pessoas. Os moradores já haviam rejeitado o valor, fixado pela Justiça em agosto passado de cerca de R$ 300 mil por cada família, mas comemoraram o desfecho. ?Estou aliviada e esgotada. Foi um sofrimento muito grande. Ainda é pouco, mas minimiza a nossa dor?, afirmou a presidente da associação de vítimas do Palace 2, Rauliete Barbosa Guedes. Naya não compareceu à audiência. De acordo com um amigo próximo, o ex-prefeito de Ubá (MG), Dirceu dos Santos Ribeiro, ele sofreu duas isquemias e não viajou a conselho médico. Pelas linhas gerais do acordo, que repete a decisão da 7.ª Vara Cível, os propietários de apartamentos receberão o valor pago pelo imóvel corrigido, R$ 35 mil por perdas materiais (reformas no apartamento e móveis), 200 salários mínimos por cada morador do apartamento, 150 salários mínimos para o chefe da família, e 100 salários mínimos para quem estava em casa no momento em que o prédio ruiu. Os advogados de Naya e dos ex-moradores calculam que o valor total do acordo ficará entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões. Para se chegar a esse ajuste, o juiz Alexander dos Santos Macedo, da 4.ª Vara de Falências e Concordatas, decidiu negociar diretamente entre as partes. Os representantes de Naya, que não compareceu a nenhuma reunião, ofereceram pagar 80% dos valores fixados pelo acórdão da 7.ª Vara Cível. Os ex-moradores recusaram. Foram cerca de 20 reuniões entre o juiz, as vítimas e advogados de Naya. ?Essa não é função do magistrado, mas me investi dessa função para acabar de vez com a dor das vítimas?, afirmou Macedo, que fez elogios a Naya. ?Ele fez coisa que nunca vi, que não se conhece na estatística do judiciário, que é pagar inclusive as indenizações dos casos que não transitaram em julgado?, disse o juiz. A decisão pode beneficiar 120 famílias, caso elas aceitem o acordo, que vale apenas para quem sofreu danos materiais. Aqueles que perderam parentes terão o dano moral avaliado em separado. Macedo teve a ajuda do ex-prefeito de Ubá, Dirceu dos Santos Ribeiro, amigo de Naya, para convencer o deputado cassado a aceitar o acordo. ?Ele está bastante satisfeito. Ele vai acertar a vida dele e a dos ex-moradores?, afirmou Ribeiro. Naya foi absolvido no processo criminal, mas as vítimas do Palace 2 recorreram. A audiência final, no auditório de magistratura, teve momentos cômicos. Um dos advogados de Naya, Claret Ribeiro Braga, agradeceu ao juiz e disse que usaria da ?perspicácia e inocência mineiras? para garantir que se chegou a um ?final feliz?. O advogado das vítimas, Nélio Andrade, replicou: ?Também vou falar com a honestidade e a perspicácia dos cariocas. Tivemos que buscar incessantemente o caminho da Justiça. E Justiça não se agradece. A Justiça cumpre o seu papel. Isso não é acordo. É cumprimento de decisão judicial?, afirmou Andrade, que voltou a usar a expressão ?honestidade e a perspicácia dos cariocas?, provocando riso entre os ex-moradores que assistiam à sessão. Naya tem 90 dias para pagar os acordos, a contar de hoje. O atraso acarretará juros de 1% ao mês e multa progressiva de 5% mensais. Os bens de Naya, que estão indisponíveis por ordem judicial, serão liberados a partir do momento em que se apresentarem os compradores. O restante permanecerá arrestado. ?Sérgio Naya nunca se mostrou intrasigente para pagar indenizações. Apenas se recusou a pagar a exorbitância pedida, que chegava a R$ 400 milhões?, afirmou outro advogado do empresário, Joaquim Flávio Spíndula.

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