Moradores fazem ameaça em velório de menina

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Por Agencia Estado
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Um grupo de dez moradores da favela Alba, na zona sul de São Paulo, ameaçou e expulsou nesta terça-feira repórteres do velório da menina Larissa Alves de Souza, de 5 anos, morta em um tiroteiro entre traficantes e policiais civis, domingo. Pelo menos cem pessoas acompanharam o enterro da menina, no cemitério do Jardim São Luís. As pessoas reforçaram as críticas aos policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE), que teriam entrado na favela atirando. Os moradores, dois deles em motocicletas, disseram que atirariam na equipe do Grupo Estado se a repórter insistisse em acompanhar o velório. "O jeito é matar essa gente de imprensa e descer bala nos carros", afirmou um deles. O homem disse que a favela respeita ladrões e traficantes - que constróem áreas de lazer no local. "O governo não faz nada. Tá vendo essa quadra? Foi o Xambau que construiu", afirmou, apontando para uma quadra de futebol. Assaltante, Xambau, morto no ano passado, seria também um dos líderes do tráfico de drogas no local. "Aqui a gente tem ladrão e traficante do bom, mas eles respeitam a favela", disse. "A polícia só serve para pegar dinheiro (de traficantes) e descer bala nas crianças", criticou o homem, exibindo três marcas no corpo, de tiros supostamente recebidos em incursões da polícia na favela. No enterro, parentes e amigos da família da vítima exibiam uma faixa com a frase: "Queremos justiça contra policiais violentos." Revoltados, os vizinhos e a mãe de Larissa, Doracy Maria Alves, de 33 anos, exigiam justiça. Larissa foi morta por uma bala de espingarda calibre 12, quando voltava da festa de aniversário de uma vizinha, por volta das 22 horas de domingo. Segundo vizinhos quatro policiais do GOE entraram na favela atirando e mesmo depois de atingir a criança não prestaram socorro à vítima. O episódio enfureceu os moradores, que bloquearam a Rua Alba e atearam fogo em sete ônibus. O protesto durou quase 12 horas e só terminou com a intervenção da Tropa de Choque da Polícia Militar. A polícia contesta a versão dos moradores e nega a violência. O caso está sendo investigado pela equipe do 35.º Distrito Policial. Além da menina, duas pessoas foram baleadas: Leandro Zeferino da Silva, de 13 anos, e outro adolescente, que pediu para não ser identificado. Com isso, sobe para seis o número de vítimas de balas perdidas na favela desde dezembro. Moradores da favela disseram que pretendem organizar uma associação para defender os direitos da comunidade.

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