PUBLICIDADE

Morre ex-aluno que invadiu UFMG e disparou contra professora

Deficiente, ele era apaixonado pela jovem, que dava aulas de alemão no curso de Letras da faculdade

Por Agência Estado
Atualização:

Morreu às 7h50 desta sexta-feira, 22, João Luciano Ferreira Júnior, de 39 anos, que na quarta-feira à noite invadiu uma sala da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), disparou contra uma aluna e depois deu um tiro na própria cabeça. Ele estava internado, em coma, no Hospital Odilon Behrens, em Belo Horizonte. O corpo está sendo levado para o IML. Na noite de quarta, alunos e professores da Faculdade de Letras da UFMG viveram momentos de pânico quando João Luciano invadiu uma das salas de aula do câmpus da Pampulha. Por volta de 21 horas, ele, que era paraplégico e usava cadeira de rodas, chegou à faculdade e entrou no elevador, se dirigindo ao quarto andar. Com revólver calibre 32 em punho, entrou em uma das salas onde alguns professores do Centro de Extensão (Cenex) da unidade estavam reunidos. Ele exigiu que todos deixassem o local, com exceção da professora de alemão e aluna de mestrado Polyana Costa Arantes, de 25 anos. Em seguida, em meio a um rápido e tenso diálogo com a jovem, efetuou pelo menos dois disparos, sem acertar Polyana. Depois, deu um tiro na própria cabeça. Pânico O barulho dos tiros assustou estudantes que estavam em outras salas. Os alunos deixaram as classes e se concentraram diante do prédio da faculdade sem entender o que havia acontecido. Testemunhas e ex-colegas de Ferreira o descreveram como uma pessoa cordial e educada, mas que nutria uma obsessão e uma paixão platônica pela professora de alemão. Ela disse à Polícia Militar que vinha sofrendo assédio. Embora nunca tivesse se declarado, ele colheu dados sobre a jovem, como número da placa do carro, endereço e telefone da casa. "Inclusive, ligou para a casa dela, num único dia, 16 vezes", contou o tenente José Caldeira, do 34º Batalhão da Polícia Militar. Polyana relatou à PM também que primeiro Ferreira atirou em direção ao chão e depois no computador. Logo depois, apontou o revólver para ela, mas mudou a direção e atirou na própria cabeça. "Diante da solicitação de que ele não fizesse nada contra ela, ele apontou a arma contra a própria cabeça e efetuou um único disparo", disse o militar. Antes de tentar se matar, Ferreira perguntou a Polyana se ela sabia "o que é desprezo". De acordo com o hospital, a bala entrou pelo lado direito do crânio e saiu do lado oposto. Caso isolado O diretor da Faculdade de Letras da UFMG, Jacyntho Lins Brandão, lamentou o fato, mas disse que se trata de um caso isolado. Segundo ele, não há previsão de mudança no sistema de segurança da faculdade. "Foi uma tragédia, uma situação de exceção. Não podemos controlar a entrada e a saída de todos que circulam na universidade. Nós não temos essa lógica de controle ostensivo, como a praticada nas empresas." Conforme o diretor, a universidade, até por seu perfil de instituição produtora de conhecimento, deve "manter suas portas sempre abertas para a comunidade". Ele garantiu que a UFMG vai prestar total assistência a Polyana e a Ferreira. Policiais civis, militares e federais estiveram na universidade, e a arma foi recolhida para ser periciada. Um inquérito será instaurado pela 16ª Delegacia da capital. (Com informações de Eduardo Kattah, de O Estado de S. Paulo.)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.