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Morro do Adeus é invadido por traficantes do Morro do Alemão

Por Agencia Estado
Atualização:

Dezenas de moradores do Morro do Adeus, em Bonsucesso (zona norte do Rio), tiveram de abandonar suas casas na madrugada de hoje depois que traficantes do vizinho complexo de favelas do Alemão iniciaram uma invasão para tomar o pontos de venda de drogas. Moradores contaram que foram ameaçados e expulsos por um grupo de bandidos que chegou à favela atirando por volta das 23h de ontem. Pelo menos quatro pessoas foram mortas. Apesar de muitos moradores terem se refugiado na Praça das Nações desde a madrugada, o tenente-coronel Álvaro Garcia, comandante do Batalhão de Polícia Militar da Maré, afirmou que a polícia só tomou conhecimento do fato no início da manhã e ocupou o morro. "Estou aqui para garantir as condições para os moradores voltarem às suas casas. A polícia já está no morro e vai continuar por tempo indeterminado para dar garantia total", disse Álvaro, que atribuiu a saída dos moradores ao medo do confronto entre as facções. O objetivo dos bandidos do Alemão, ligados ao Comando Vermelho, é assumir o controle do tráfico de drogas na favela, que era comandado pelo traficante Leandro Sabino, o DJ, morto na sexta-feira pela polícia. Ele era ligado à facção Amigos dos Amigos (ADA). Garcia admitiu que elementos estranhos ao morro entraram na favela, mas negou que o Adeus tenha sido tomado pelo Comando Vermelho. "Não posso confirmar que houve realmente uma invasão. As informações ainda são desencontradas. Não houve um número grande de invasores", afirmou. Grupos de motociclistas passaram pelas principais ruas de Bonsucesso gritando frases cantando a vitória do Comando Vermelho. Relatos Garcia confirmou que quatro corpos foram encontrados ontem no morro. Um deles, o de uma mulher, foi retirado por PMs de uma lixeira. No entanto, o relato dos moradores é de que a guerra entre facções fez ainda mais vítimas. M.N., de 32 anos, contou que deixou sua casa no alto do morro por volta de 23h, depois de ser ameaçada por um bandido armado com um fuzil. "Eles chegaram gritando na rua que tinham dominado. Mataram quatro pessoas numa mesma casa só porque uma delas não quis levá-los até a boca. Quem não fugiu está encurralado dentro de casa", contou a moradora, que fugiu com seis filhos e dormiu na casa de amigos na parte baixa do morro. A empregada doméstica R.S.P, de 32 anos, voltava de um baile de madrugada quando viu os moradores descendo o morro carregando o que podia. "Não posso subir, estou com a roupa do corpo, não sei como vou fazer para trabalhar amanhã. Só Deus sabe como está minha casa. Eles entram, batem nos homens e roubam tudo. A polícia vendeu o morro para eles. Passam de viatura e não fazem nada ", queixou-se. De acordo com os moradores, as casas com homens jovens são as mais visadas. Para obter informações sobre os inimigos, os invasores teriam amarrado reféns a postes. Segundo o tenente-coronel Garcia, a polícia sabia do risco de o morro ser invadido após a morte de DJ. Vinte policiais e carros do Grupamento Tático Móvel patrulhavam as principais entradas do morro desde sexta-feira e não registraram qualquer incidente. "São mais de dez entradas, não podemos ser onipresentes", justificou o comandante, que vai manter a ocupação do morro por cerca 40 policiais por tempo indeterminado.

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