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Morte de preso em DP motiva protesto e queima de ônibus

Polícia alega que detido se enforcou com cadarço; 1 pessoa ficou ferida em manifestação

Foto do author Marcelo Godoy
Por Daniela do Canto , Felipe Oda e Marcelo Godoy
Atualização:

Cerca de 200 moradores da comunidade Vila Reis, na zona leste de São Paulo, realizaram na madrugada de ontem um protesto contra a morte de Sérgio dos Santos, de 38 anos, encontrado enforcado dentro de uma cela do 63º DP (Vila Jacuí), após ser preso sob a acusação de tráfico de drogas. A Secretaria de Segurança Pública alega que Santos cometeu suicídio, mas parentes e amigos contestam a versão. Durante a manifestação, uma pessoa ficou ferida, um ônibus foi incendiado e outros quatro, depredados. Por volta da meia-noite, os manifestantes atacaram os veículos da Viação Vip Transportes, que estavam estacionados no ponto final, na Avenida Maria Santana. De acordo com o delegado Elton Richard Krull, do 63º DP, dois homens numa moto e um grupo de adolescentes a pé abordaram o cobrador de um dos coletivos, anunciaram o ataque e atearam fogo no carro. O fogo se alastrou por uma árvore, atingiu a guarita do ponto e uma casa. O grupo ainda montou uma barricada, com lixo e entulho, na via. Outros quatro coletivos foram danificados, mas ninguém se feriu. Por volta de 2h30, policiais da Rota, do Grupo de Operações Especiais (GOE), do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) e da Guarda Civil Metropolitana (GCM) foram acionados para conter a manifestação. Na ação, um rapaz de 17 anos foi atingido por um tiro na perna e encaminhado para o Hospital Municipal Tide Setúbal. "Estou bem, mas os policiais atiraram em mim e me deram uma coronhada na cabeça", disse o menor. Segundo Krull, uma denúncia anônima levou a polícia até Santos, preso na terça passada, às 16h30, em sua residência. "Em poder dele foram encontrados cinco pinos de cocaína e, no interior da casa, mais 21 pinos e R$ 270." Marli dos Santos, de 32 anos, irmã do acusado, acusa os policiais de armarem o flagrante. "Três homens pegaram meu irmão. Um deles tirava a droga do bolso e colocava na mesa. Aí. fui posta para fora da casa." Santos foi levado ao DP e colocado numa cela provisória, onde horas mais tarde teria sido encontrado enforcado. A versão da polícia diz que ele pegou o cadarço de tênis, que estava do lado de fora da cela, e se suicidou. Amigos afirmam que Santos não tinha motivos para "acabar com a vida". A família questiona como ele conseguiu entrar na cela com um cadarço, uma vez que os pertences do preso são entregues aos familiares. A morte de Santos na carceragem é a quarta em celas de delegacias da capital desde que o lutador de jiu-jítsu Ryan Gracie foi encontrado morto em 14 de dezembro de 2007 - outros casos foram registrados no 10º DP e no 72º DP. Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gecep), do Ministério Público Estadual, vão acompanhar as investigações do caso.

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