A morte de 16 pessoas em menos de quinze dias em favelas da Ilha do Governador durante incursões policiais levou a Associação de Moradores do Complexo dos Bancários, que reúne 13 comunidades, a pedir a intervenção do governo do Estado no 17.º Batalhão da Polícia Militar. O último caso violento ocorreu na sexta-feira. Dois rapazes foram mortos a tiros, suspeitos de serem traficantes Segundo os moradores, a tia de um deles - que tentou defender o sobrinho - foi espancada e também morreu. De acordo com os moradores, a polícia chegou à favela Zaquia Jorge já atirando. Juliano Alves de Araújo, de 22 anos, e Marcelo da Costa Soares, de 23, foram atingidos e morreram no local. "Os policiais colocaram os dois num carrinho de mão. Isso revoltou a Rozenilda, que discutiu com os PMs", contou o presidente da associação do Complexo dos Bancários, Joezer Avelar Pimenta, o Joca, referindo-se à vendedora Rozenilda Firmino Alves, de 37 anos, tia de Araújo. "Os policiais espancaram tanto a Rozenilda, que ela acabou morrendo de hemorragia interna", disse. O que preocupa a associação de moradores é que as investidas policiais têm ocorrido à luz do dia. "Estava todo mundo na rua quando Rozenilda, Juliano e Marcelo foram mortos. Era meio-dia. Crianças assistiram e estão traumatizadas com tamanha violência", afirmou Joca. Joca, seis mães de vítimas e outros moradores reuniram-se com o secretário de Governo, Fernando William, e com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wilton Ribeiro. "Algumas vítimas podiam até ter envolvimento com o tráfico, mas o dever da polícia não é matar", afirmou Joca. O secretário Fernando William disse que o comandante do batalhão da região será ouvido. "Eles não nomearam policiais por preocupação com a integridade física, mas relataram episódios de ação violenta da PM. Vamos investigar e, se houver ilegalidade, o governo tomará as medidas cabíveis", afirmou. O coronel Wilton Ribeiro prometeu fazer uma visita à comunidade na semana que vem. A Polícia Militar informou, por seu setor de relações públicas, que não tinha conhecimento das denúncias contra policiais do 17.º BPM até a reunião. O comandante do 17.º BPM, tenente-coronel Márcio dos Santos Pinho, foi procurado pelo Estado para comentar as declarações dos moradores da Ilha do Governador, mas não retornou as ligações.