PUBLICIDADE

Motorista assumiu risco de matar, diz delegado

Por Cleber Bertoncello , da Agência RBS e e REJANE WILKE
Atualização:

São Miguel D?Oeste - Mais do que um acidente, um crime. É assim que o titular da Delegacia de Descanso (SC), Rudinei Charão Teixeira, avalia a tragédia ocorrida na noite de terça-feira, na BR-282. Para o policial, não restam dúvidas de que o motorista responsável pelo segundo acidente, Rosinei Ferrari, de 28 anos, "assumiu o risco de matar, sem pensar nas conseqüências de seu ato". Caso seja considerado culpado, Ferrari poderá ser condenado a uma pena que varia de 6 a 20 anos de prisão. À disposição da Justiça e com registro de autuação em flagrante por homicídio doloso, o caminhoneiro será transferido para a prisão assim que tiver alta do Hospital São José, no município de Maravilha, para a Cadeia Pública de Descanso. Somente lá é que o delegado Charão deve colher o depoimento. O motorista, que não sofreu ferimentos graves e deve ser liberado ainda hoje, estava sozinho, não era dono do caminhão, e também não se sabe ainda de quem era a carga ou a serviço de quem se fazia o transporte de açúcar. Sobreviventes dos dois acidentes e testemunhas que estavam no local também serão ouvidos nos próximos dias. Como o cálculo inicial aponta para mais de uma centena de depoimentos a serem tomados, a previsão da polícia é de que o inquérito só seja concluído no fim de novembro. No entanto, o delegado acredita que até o fim de semana já terá acesso aos laudos preliminares do Instituto Geral de Perícias (IGP), que poderão elucidar partes cruciais do que ocorreu, como a possível falha no sistema de freios do caminhão conduzido por Ferrari, a velocidade em que estava o veículo no momento da tragédia e se o comportamento do motorista de fato contribuiu para aumentar o saldo macabro. A Polícia Rodoviária Federal recolheu o tacógrafo do Mercedes Benz de Cascavel. Em uma análise superficial, foi possível detectar que o motorista mantinha velocidade entre 60 e 80 quilômetros por hora ao longo do caminho. No momento do acidente, teria ultrapassado os 100 quilômetros por hora. Mesmo sem contar com as informações técnicas, Charão afirma já ter uma linha definida para o inquérito. Segundo ele, "faltou bom senso para o motorista, e isso tirou a vida de 27 pessoas". "Tudo aponta para além de um crime de homicídio culposo (sem intenção). Penso que foi um homicídio e ele (Ferrari) irá ficar preso pelo menos até que o nosso trabalho seja concluído."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.