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Motorista enfrenta até 14 horas no trajeto entre litoral e SP

Enchentes interditam a Oswaldo Cruz, e Tamoios passa a ser a única opção dos turistas que deixam Ubatuba

Por João Carlos de Faria
Atualização:

Tráfego intenso na Rodovia dos Tamoios, única alternativa entre Ubatuba e o planalto

 

UBATUBA, SP - Os turistas que deixaram Ubatuba nesse domingo, na volta do feriadão, tinham duas opções para subir a serra: ou enfrentavam até 14 horas nas rodovias da região ou fretavam uma aeronave. Quem estava de carro teve que enfrentar um enorme congestionamento na rodovia Rio-Santos (BR 101), levando até oito horas para chegar a Caraguatatuba.

 

 

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De Caraguatatuba até São José dos Campos, pela rodovia dos Tamoios, a viagem estava sendo feita em seis horas. Apesar da demora, essa era a única alternativa que os motoristas tinham para chegar à via Dutra ou à Carvalho Pinto, rumo à capital.

 

A rodovia Oswaldo Cruz (SP-125), que liga Taubaté a Ubatuba, que seria outra opção de retorno, está interditada em dois pontos, devido às enchentes do rio Paraitinga e do ribeirão do Chapéu, que atingiram duas pontes, próximas a São Luís do Paraitinga, no quilômetro 45 da rodovia.

 

Pelo ar, de acordo com a Helicharter, empresa que opera com aluguel de helicópteros, em Ubatuba, diversos voos foram realizados para Taubaté e São José dos Campos, além de quatro que haviam partido da cidade com destino a São Paulo, nesse domingo. O voo para cinco pessoas custa R$ 4,5 mil.

 

Oswaldo Cruz

 

Na rodovia Oswaldo Cruz, no km 43, a ponte sobre o rio Paraitinga ainda permanece interditada, por causa dos estragos provocados pelas águas do rio, que já baixaram, mas deixaram uma enorme cratera na pista, no sentido Taubaté.

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Em entrevista concedida no sábado, 2, em São Luís do Paraitinga, o secretário de Transportes Mauro Arce, disse que no local será construída uma ponte de madeira, para passagem emergencial. "Isso não deve demorar. O problema é só chegar o material ao local", afirmou.

 

Arce disse que técnicos do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) examinaram a estrutura da ponte e não identificaram nenhum problema grave.

 

Dutra

 

A rodovia Presidente Dutra chegou a ter um congestionamento de até 20 quilômetros de extensão também na tarde desse domingo, na altura do km 102, em Pindamonhangaba, onde afundou parte da pista e do acostamento, sentido São Paulo.

 

No local, o tráfego foi desviado para a pista sentido Rio de Janeiro, que ficou com duas mãos de direção, o que também acabou provocando congestionamento. Nas demais rodovias da região, inclusive a Floriano Rodrigues Pinheiro (SP 123), o transito de veículos estava normal.

 

Motoristas tentam passar o tempo

 

O publicitário Roberto de Oliveria, 27, viaja para São Paulo com a mulher, uma filha de quatro anos e mais três amigas. Eles estavam parados em um posto de gasolina no trecho da BR 101, rodovia Mario Covas, que liga Ubatuba a Caraguá. Roberto afirmou que sabia que o tempo de viagem até Caraguá seria acima de 10 horas. Segundo ele, durante a viagem a turma iria "matar" o tempo vendo as fotografias da viagem e ouvindo músicas.

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O comerciante Edson Rubin, de 52 anos, estava tentando buscar uma alternativa para retornar a Ribeirão Preto, distante mais de 500 quilômetros. Ele afirmou que todos os anos passa pela mesma situação. "Desta vez ficou pior porque o retorno ficou restrito a apenas uma rodovia. Tem muito carro e pouca estrada" resumiu ele.

 

O engenheiro Mario Paris, morador de Taubaté, que estava na praia de Itamambuca, região Norte de Ubatuba, decidiu retornar com a família pelo Estado do Rio de Janeiro, fazendo um trajeto alternativo por Paraty, Lídice, Mangaratiba até atingir a via Dutra em Volta Redonda. De acordo com as informações do engenheiro o tempo de viagem seria de 6 horas para percorrer um percurso de cerca de 430 quilômetros.

 

Mario viaja com a mulher Dóris e um casal de filhos. Segundo Dóris, fica muito difícil conter os ânimos das crianças dentro do carro quando a viagem é muito longa. "O humor das crianças acaba e elas ficam estressadas", disse ela.

 

A professora Denise Chiste informou por telefone que a viagem de Ubatuba a Taubaté pela Tamoios, demorou mais de nove horas. Ela saiu de Ubatuba à uma hora da madrugada de domingo e chegou em Taubaté por volta das 10 horas da manhã.

 

O promotor público Manoel Sergio da Rocha Monteiro decidi estender o feriado até o movimento diminuir. Ele disse que pretendia retornar na tarde de domingo, mas com a interdição da rodovia Oswaldo Cruz, vai ficar com a família em Ubatuba. "São umas férias forçadas, uma vez que não estavam programadas" afirmou o promotor.

 

Manoel que é proprietário de uma casa no centro histórico de São Luiz do Paraitinga ficou indignado ao ler a reportagem publicada na edição deste domingo no Estadão. "É inacreditável o que estou vendo. Ainda não pensei no que fazer com o que sobrou de minha casa", lamentou ele.

 

(com José Alfredo Rodrigues, de O Estado de S. Paulo)

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