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Motoristas e cobradores entram em estado de greve em Campinas

Por Agencia Estado
Atualização:

Os motoristas e cobradores de ônibus de Campinas entraram hoje em estado de greve e anunciaram que irão paralisar o serviço no próximo dia 6 caso as empresas da cidade não apresentem uma proposta econômica satisfatória. A segunda rodada de negociações está prevista para segunda-feira à tarde, quando o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários de Campinas e Região irá decidir os rumos do movimento. De acordo com o vice-presidente do sindicato, Antônio Valério da Silva, a categoria quer 10% de aumento mais reposição inflacionária de 9,26%, conforme índice do Dieese. Até a tarde de hoje, a Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc), associação das empresas permissionárias da cidade, não tinha nenhuma contraproposta. A primeira rodada de negociações ocorreu ontem, quando o sindicato decidiu pelo estado de greve, que se estende até segunda-feira. Nesse período, serão distribuídos panfletos e boletins para que os motoristas permaneçam mobilizados, mas não haverá prejuízo aos usuários, garantiu Silva. "A não ser que as empresas não apresentem sua proposta econômica na segunda", alegou. De acordo com o vice-presidente do sindicato, 4,5 mil motoristas e cobradores trabalham nas seis permissionárias da cidade. Os pisos salariais são de R$ R$ 869 para os motoristas e R$ 300 para os cobradores. Silva argumentou que os motoristas têm relatado aumento de passageiros em suas linhas. "Em toda a história das negociações, as empresas alegam que estão no prejuízo", desafiou. A assessoria de impresa da Transurc nega o aumento de passageiros. Segundo a assessoria, atualmente 8,5 milhões de pagantes usam o transporte coletivo por mês. Esse número era de 12 milhões há cinco anos. Ainda conforme a assessoria, 1,6 milhões de passageiros são beneficiados com o passe livre ou passagens reduzidas. A assessoria revelou que o número de usuários de passe escolar aumentou quase 100% nos últimos quatro anos. Ainda conforme a assessoria, as empresas não têm nenhuma proposta para os trabalhadores, e pretendem envolver a Secretaria Municipal de Transportes nas negociações. A Transurc irá pedir uma reunião com o secretário Marcos Bicalho na sexta-feira. Os empresários alegam que estão com as finanças desequilibradas. Eles divulgaram que tiveram prejuízo de R$ 615 mil em abril passado e um déficit acumulado de R$ 22,2 milhões em 2001. Querem que a Secretaria fiscalize com mais rigor os perueiros, para que eles pratiquem a passagem de R$ 1,5 determinada por lei, e coíba abusos nos benefícios (passe idoso, escolar, entre outros). A passagem de ônibus custa R$ 1,30, mas para custear os benefícios, teria que ser de R$ 1,40, conforme a Transurc. Como o aumento está descartado, os empresários esperam reduzir o prejuízo aumentando o número de passageiros pagantes. A Secretaria informou que não tinha recebido nenhuma solicitação de reunião até hoje à tarde e não poderia se manifestar sobre o assunto por desconhecer as reivindicações dos empresários. Servidores Depois de uma queda-de-braço que se estendeu por nove dias, os servidores públicos de Campinas voltaram a trabalhar hoje. Eles aceitaram a proposta da prefeitura e irão receber 16% de reposição, pagos em duas parcelas - a primeira, de 12%, retroativa a abril, e a segunda, de 4%, em dezembro deste ano. A greve foi tratada como política pela prefeitura e por parte dos servidores. A paralisação não chegou a atingir a adesão de 20% dos trabalhadores e houve pouco prejuízo aos moradores. O Sindicato dos Servidores alegou que concordou com a proposta da prefeitura, mas irá acioná-la judicialmente para que as perdas de abril a dezembro sejam pagas.

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