Motoristas e cobradores retomam greve em BH

Na semana passada, 100% da categoria participou da paralisação que durou três dias, prejudicando 2,5 milhões de usuários.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Parte dos cerca de 35 mil motoristas e cobradores de ônibus de Belo Horizonte voltaram a entrar em greve ontem, depois dos três dias de paralisação na semana passada. Na ocasião, 100% da categoria participou da manifestação, prejudicando 2,5 milhões de usuários. Segundo a Bhtrans, empresa que gerencia o transporte coletivo na capital, o protesto se concentrou, pela manhã, nas estações Diamante, na Zona Oeste, e Venda Nova, na Zona Norte. O cálculo foi de que 140 mil pessoas ficaram sem ônibus, nas duas regiões. Foram registradas 23 depredações de coletivos e prisões de sete sindicalistas. No final da tarde, o movimento dos rodoviários começou a crescer e havia, segundo a Polícia Militar, piquetes em várias vias da cidade. Em importantes avenidas, como a Antônio Carlos, que liga o centro à Zona Norte, e a Cristiano Machado, de acesso à Região Leste, dezenas de motoristas de ônibus faziam a chamada "operação linguição", na qual os veículos trafegam lentamente, em fila. Reivindicações - Os rodoviários reivindicam 108% de aumento nos salários e manutenção de benefícios, como carga horária reduzida, planos de saúde e odontológico e tiquetes alimentação, que os patrões querem suspender. A alegação do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Belo Horizonte (Setransp), que também não oferece reajuste salarial, é de que o crescimento no transporte clandestino (peruas e vans) causou prejuízos de 20% ao setor, nos últimos meses. Das 16h30 até as 18h, patrões, rodoviários e representantes dos órgãos de gerenciamento de transportes da região metropolitana estavam reunidos no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG). O vice-presidente do órgão, Antônio Martins, tentava uma conciliação para encerrar de vez o movimento. A tendência, no entanto, era de recrudescimento da greve, já que os donos de empresas mantinham-se irredutíveis em não dar reajustes. Na semana passada, durante a greve geral de três dias dos ônibus, o Ministério Público doTrabalho e Prefeitura de Belo Horizonte levantaram suspeitas de que a greve dos rodoviários estivesse acontecendo com a conivência dos donos das 49 concessionáras do serviço de transporte. Eles estariam querendo pressionar o Poder Público a reajustar tarifas e acabar com o transporte clandestino. Ameaça - O prefeito Célio de Castro (sem partido) ameaçou suspender os contratos das empresas, caso o movimento não fosse suspenso, o que ocorreu no domingo, e prometeu publicar ainda esta semana decreto autorizando o funcionamento de apenas 300 dos cerca de três mil perueiros da capital. Com a retomada da paralisação, a BHTrans informou que poderá contratar profissionais já cadastrados para assumir os ônibus, o que significaria a demissão de parte dos grevistas.

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