Motoristas são principais suspeitos de roubo de carga em Santos

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Por Agencia Estado
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Os motoristas que fazem o transporte de café da região produtora até o cais de Santos são os principais suspeitos do golpe praticado por uma quadrilha que trocou toneladas de carga de café por areia. Trata-se de um velho golpe, que voltou a ser praticado entre dezembro e janeiro no proto de Santos: contêineres carregados de café chegam aos importadores sem o produto, que é substituído por areia, tijolos e pedras. Ninguém foi preso ainda. O delegado Reynaldo Roda, que preside os inquéritos da Polícia Federal em Santos para apurar esse crime, calcula que foram exportados mais de 50 contêineres sem a mercadoria original, com valor variando entre R$ 80 mil e R$ 100 mil cada um. "Em geral, o crime só é descoberto quando o contêiner é aberto ao chegar ao país comprador", diz ele. Segundo Roda, as investigações iniciais levaram a três hipóteses para o momento de substituição da carga: no carregamento, no transporte ou no interior do porto. Um dos contêineres que chegaram com areia ao exterior descartou a primeira possibilidade, pois o proprietário contratou especialista para atestar a qualidade do café que estava carregando. Depois disso, o contêiner foi lacrado, e a troca ocorreu no caminho até o porto. Reynaldo Roda entende que seria mais difícil fazer a troca do café por areia depois que o contêiner estivesse na área do porto, mas teve a oportunidade de conferir cinco contêineres de um lote de oito que seguiria para o exterior e num deles foi encontrada areia no lugar do café. O lacre estava intacto e uma investigação mais detalhada constatou que os criminosos retiraram parafusos que prendem um dos lados das portas, possibilitando a abertura das duas sem romper o lacre da fechadura, que fica no meio delas. "Pelo ?modus operandi? dá para concluir que é uma quadrilha que está cometendo esses crimes e que os motoristas estão envolvidos", disse o delegado Roda, que está tomando o depoimento dos caminhoneiros. "O mais provável é que a troca do café por pedras, areia e tijolos, sempre com peso muito próximo ao da carga original, seja feito no trajeto da carga", disse ele. Uma coincidência apontada por Reynaldo Roda é que todos os motoristas são autônomos, sem vínculo empregatício com as transportadoras contratadas. Os contêineres fraudados saem geralmente das cidades de São Sebastião do Paraíso, Varginha, Guaxupé, Alfenas e Machado, de Minas Gerais, e das paulistas São João da Boa Vista e Espírito Santo do Pinhal. Como os contêineres chegam com o peso original e o lacre intacto, entram facilmente no porto e são despachados normalmente para países como Estados Unidos, México, Alemanha e outros da Europa.

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