O Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) instaurou nesta quarta-feira, 22, uma investigação para apurar os conflitos do último sábado em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Segundo o órgão, a investigação tem como objetivo responsabilizar os culpados pelos crimes praticados, independentemente da nacionalidade.
Durante uma manifestação, no sábado, parte da população agrediu e destruiu acampamentos de venezuelanos que vivem na cidade. Até bombas caseiras teriam sido jogadas em praças e nos abrigos improvisados nas ruas. Alguns venezuelanos também foram expulsos e deixados do outro lado da fronteira. Eles reagiram e uma confusão generalizada foi formada.
As investigações do MP começaram após a agressão ao comerciante Raimundo Nonato de Oliveira, de 55 anos, atacado na última sexta-feira, quando deixava seu estabelecimento em direção à casa onde mora, em Pacaraima. Bandidos amarraram suas mãos, o torturaram com uma chave de fenda e lhe roubaram R$ 23 mil, além de U$ 500.
Oliveira foi socorrido a um hospital local, mas afirma que houve demora porque a ambulância que estaria à disposição não prestou o serviço de transferência para Boa Vista. O argumento era de que o retrovisor estaria quebrado, diz. "Eu sangrei muito, o médico disse que, se demorasse mais, teria morrido", afirma.
Segundo o MP, há também relatos nas mídias sociais de que o Exército teria se recusado a levar o comerciante a Boa Vista. Oliveira ficou três dias internado e o episódio de violência teria sido o estopim para os conflitos do dia seguinte entre venezuelanos e brasileiros.
Trabalho
Um levantamento do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast, mostra que 43,4% dos venezuelanos transferidos de Roraima para outros Estados desde abril têm ocupação. São 245 dos 564 imigrantes com mais de 18 anos.