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MP abriu inquérito em SP por temer delegado corrupto

Ex-chefe da delegacia de Marília, preso em junho, também era investigado

Por Rodrigo Pereira
Atualização:

Procuradores da República de Ourinhos evitaram requisitar a instauração de inquérito contra os policiais rodoviários federais presos ontem na Operação Veredas na cidade de Marília, com medo de que o delegado federal Washington da Cunha Menezes, então chefe da unidade local, os retaliasse ou simplesmente abafasse o caso. Para fazer valer as investigações, o Ministério Público Federal (MPF) decidiu encaminhar as denúncias de corrupção, extorsão e apropriação de mercadorias contrabandeadas que pesavam contra os policiais rodoviários à Superintendência da PF em São Paulo. Menezes foi preso em junho deste ano por acusações que vão de suposto roubo de jóias avaliadas em US$ 600 mil a desvio de R$ 500 de verba da própria PF. Ele já acumula cinco prisões preventivas decretadas no período e a última ação contra ele, protocolada quinta-feira na Justiça Federal de Marília, o acusa justamente de achacar e se apropriar de eletrônicos de sacoleiros vindos do Paraguai. Conduzidos por delegados federais da capital, os inquéritos chegaram a um esquema bem maior, em que os policiais rodoviários federais agiam a mando de grandes empresas de transporte rodoviário de passageiros para prejudicar as concorrentes. Além da operação de ontem, denominada Veredas, a apuração da suposta corrupção pelas autoridades da região levou a cúpula da PF a deflagrar a Operação Oeste, em maio, que prendeu 43 pessoas envolvidas em seqüestros de fazendeiros atraídos por falsas ofertas de equipamentos agrícolas. Entre os detidos estavam policiais civis e federais. "O próprio delegado Menezes era um dos investigados, havia conivência com outras autoridades da região. A única forma para que não vazasse era a investigação partir da cúpula da PF; assim quem comprovadamente era corrupto seria punido", disse um dos procuradores que acompanhou o caso. Ele explicou que tanto a PF quanto a PRF têm sede em Marília e são responsáveis por toda aquela região do Estado. ?CAIXINHA? Segundo o procurador, os casos de extorsão e corrupção policial eram freqüentes e ele mesmo teria sido vítima de uma tentativa de achaque.Um policial rodoviário federal o teria parado e alegado que ele excedera o limite de velocidade na rodovia. Indagado se no local havia radar, o policial negou e disse que mesmo assim teria de multá-lo, sugerindo o pagamento de uma caixinha. "Levei o caso para o superior dele e não deu em nada, uma aberração", concluiu. O advogado Carlos Eduardo Boiça Marcondes de Moura nega as acusações contra Menezes e atribui os processos contra o cliente à perseguição por questões políticas da PF e brigas pessoais com delegados.

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