MP de Campinas investiga tráfico e extorsão em Hortolândia

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Por Agencia Estado
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O Ministério Público (MP) Campinas está investigando denúncias de extorsão feitas por parentes de presos do Complexo Penitenciário de Hortolândia. Segundo informações do MP, alguns detentos fornecem drogas a outros e depois obrigam as famílias dos consumidores, por meio de ameaças, a depositar o valor do entorpecente consumido em contas bancárias. Os depósitos variam entre R$ 50 e R$ 700. O não pagamento da dívida contraída pelo preso dentro da cadeia pode resultar em morte de parentes. Segundo informações do MP, essa prática já é antiga, mas somente agora famílias de detentos se dispuseram a apresentar a denúncia e revelar documentos, como recibos de depósito. Há duas semanas, 364 porções de drogas, a maioria maconha, foram encontradas em uma megarrevista em cinco das seis unidades de Hortolândia. Um funcionário do MP lembrou que uma semana antes os presídios já haviam passado por revistas isoladas. "Isso revela que a infiltração de drogas no complexo ocorre muito rapidamente", alegou o funcionário, que preferiu não se identificar. O contato com os parentes dos consumidores e com os laranjas que mantêm as contas bancárias a serviço dos fornecedores de drogas é feito por celular de dentro do presídio. Na mesma megarrevista há duas semanas, 47 celulares foram encontrados nas celas. O MP investiga a suspeita de que os principais fornecedores de entorpecentes a outros presos de Hortolândia sejam integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). O secretário estadual de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, esteve em Campinas anteontem (14) e disse que se a prática for confirmada, será coibida. Durante a visita a Campinas, Furukawa se reuniu com diretores de unidades prisionais de Hortolândia e Campinas para discutir a questão e os casos de fugas de presos, cercados de denúncias de facilitação. Somente este ano, 80 detentos fugiram de Hortolândia. O secretário alegou que exige "rigor" no trabalho dos funcionários e que pretende descobrir se há falhas. O promotor José Hebert Teixeira Mendes, da Corregedoria dos Presídios, disse ontem (14) que não pode se manifestar sobre o processo de extorsão porque ele corre sob segredo de Justiça. Mas confirmou que a prática é antiga.

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