MP denuncia 12 por prisão de menina com adultos no Pará

Entre eles estão dois presos, três agentes prisionais e os dois investigadores que prenderam L. por furto

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Por Elvis Pereira
Atualização:

O Ministério Público do Pará denunciou à Justiça nesta quinta-feira, 26, 12 suspeitos de envolvimento na prisão da adolescente L.A.B., de 15 anos, por 26 dias, em uma cela com 20 homens na Delegacia de Abaetetuba, entre outubro e novembro de 2007. A ação foi protocolada na 3ª Vara Criminal do município. Os acusados poderão responder por lesão corporal, ameaça, estupro e tortura. Segundo o MP, no período em que esteve presa, L. foi obrigada a manter relações sexuais diariamente com detentos em troca de comida, dinheiro e material de higiene. São apontados como autores dos abusos os presos Beto Júnior Castro da Conceição, conhecido como Beto, e Rodinei Leal Ferreira. Também são alvos da denúncia os agentes prisionais Benedito Amaral de Lima, João de Deus de Oliveira e Marcos Eric Serrão Pureza, lotados na delegacia à época, e os investigadores Sérgio Teixeira da Silva e Adilson Pires de Lima, autores da prisão em flagrante de L. por tentativa de furto a uma casa, em 21 de outubro. Quanto aos policiais, foram denunciados os delegados Antônio Fernando Botelho da Cunha - à época superintendente da Polícia Civil da região do Baixo Tocantins, Danieli Bentes, Rodolfo Fernando Valle Gonçalves, Celso Iran Viana e Flávia Verônica Monteiro Pereira, que lavrou a prisão em flagrante da menor, apesar de L. não portar nenhum documento que comprovasse a sua idade. Para a promotora de Justiça Ana Carolina Vilhena Gonçalves, todos sabiam da presença de L. na cela. A menina foi retirada do Pará, juntamente com seus familiares, e hoje se encontra em local não divulgado pela Comissão de Direitos Humanos, órgão ligado à presidência da República. A promotora de Abaetetuba, Ana Carolina Vilhena Alves, quer que os nove policiais sejam responsabilizados por tudo que aconteceu com a menina. Um dos três presos denunciados, Beto Júnior Castro da Conceição, o Beto, foi citado em depoimentos de outros presos como sendo quem abusou sexualmente da menor. Ouvida em Brasília pela delegada da Polícia Federal, Márcia Contente Barbosa, L. disse ter sido presa três vezes pela polícia. Uma delas em julho também de 2007, quando ficou na mesma cela da delegacia com 27 homens. A segunda prisão ocorreu em setembro do mesmo ano. Ela disse ter informado aos policiais que era menor, mas eles não tomaram nenhuma providência para transferi-la para outro local. A menina também declarou que em duas das três vezes em que permaneceu presa ficou diante da juíza da comarca, Clarice Maria de Andrade, que nada teria feito para resguardar seus direitos. O Tribunal Pleno, do Tribunal de Justiça do Pará, inocentou a juíza e arquivou o processo administrativo contra ela, alegando que a responsabilidade no caso foi do Estado. Os nove policiais voltaram ao trabalho e estão espalhados por outras delegacias do Estado. Atualizada às 16h55

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