O Ministério Público do Paraná apresentou denúncia, no fim da tarde de quarta-feira, contra o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, por duplo homicídio qualificado com dolo eventual, dirigir embriagado e violar a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Alcoolizado e em alta velocidade, segundo demonstrado por laudos, o ex-deputado provocou um acidente em que morreram Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida, na madrugada de 7 de maio.
O juiz da 2ª Vara de Delitos de Trânsito de Curitiba, Carlos Henrique Licheski Klein, determinou o envio dos autos para distribuição a uma das duas Varas do Tribunal do Júri. Os promotores Danuza Nadal e Marcelo Balzer Correia, que assinam a denúncia, pronunciaram-se apenas por meio de uma nota. "Em 14 anos de atuação no Ministério Público do Paraná, sendo os últimos dois na Promotoria de Delitos de Trânsito, este foi o caso de infração praticada no trânsito mais violento em que atuei", destacou Danuza.
A denúncia diz que "por volta da meia noite e quinze minutos, ele (Ribas Carli) saiu de um restaurante localizado no Bairro Batel, onde havia ingerido diversas taças de vinho, dirigindo seu veículo, mesmo após ser advertido de que não estava em condições para conduzir veículo automotor, devido ao seu aparente estado etílico e mesmo ciente de que geraria risco à segurança do trânsito". Laudos mostraram que ele tinha concentração de 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue. A denúncia ressalta que ele dirigia violando sanção administrativa de suspensão da CNH.
No documento, os promotores afirmam que, cerca de 35 minutos depois, em um cruzamento, onde o semáforo estava em alerta, ele passou com seu Volkswagen Passat a uma velocidade entre 161 e 173 km/h. Ali era permitido apenas 60 km/h. O veículo teria decolado passando a quase um metro do asfalto, atingindo o eixo traseiro do Honda Fit dirigido por Yared, que ficou impossibilitado de qualquer manobra defensiva, motivo pelo qual o Ministério Público considerou tratar-se de homicídio qualificado. Yared e o passageiro, Carlos de Almeida, morreram na hora.
O juiz designado para o caso deve citar o ex-deputado para apresentar defesa prévia. A secretária do advogado Roberto Brzezinski, que defende Carli Filho, disse que ele não comentaria a denúncia nesta quinta-feira, 27. Caso a denúncia seja recebida pela Justiça, testemunhas e o réu serão ouvidos. Após as alegações finais de cada uma das partes, o juiz poderá, então, determinar que o caso vá a julgamento pelo júri popular. Ele pode ser condenado até 30 anos de prisão, além de ter a CNH suspensa pelo período entre dois meses e cinco anos.
A carteira de habilitação do ex-deputado estava suspensa em função de ter acumulado 130 pontos por infrações de trânsito. Por não ter recorrido em sete das 30 multas nos últimos seis anos, a carteira estava cassada. Ribas Filho renunciou ao mandato de deputado antes de a Assembleia analisar o caso no conselho de ética, o que poderia resultar na cassação e perda dos direitos políticos.
