MP divulga novas gravações feitas em Bangu 1

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Por Agencia Estado
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O Ministério Público acredita que o Estado do Rio foi loteado por dois traficantes de drogas - Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Marcos Antônio da Silva Tavares, o Marquinho Niterói. Novos trechos de conversas de bandidos presos em Bangu 1 mostram que Marquinho compra uma tonelada de cocaína pura por mês. As gravações foram divulgadas nesta quinta-feira, um mês depois da operação no presídio que apreendeu celulares dos criminosos. "Beira-Mar e Marquinho Niterói são dois grandes importadores e distribuidores de drogas in natura e armas no Estado", afirmou o procurador geral de Justiça, José Muinos Piñeiro Filho. Marquinho Niterói, também conhecido como Marquinho Paraíba, distribui entorpecentes em Niterói, Grande Rio, e interior do Estado. Ele compra cloridrato de cocaína (cocaína pura) para depois misturá-la e vendê-la. Durante conversa entre Marquinho e um "cliente", ele comenta que tem 53 pontos de venda de drogas (chamados de "firmas"). Com base em tais gravações, feitas com autorização judicial, o MP ofereceu denúncia por associação para o tráfico de drogas, com pedidos de prisão preventiva de mais quatro bandidos já presos em Bangu 1 por outros crimes. Além de Marquinho Niterói, são eles Adair Marlon Duarte, o Aldair da Mangueira, Ricardo Chaves de Castro Lima, o Ricardo Fu ou Playboy, Márcio Silva Macedo, o Gigante - todos chefes de quadrilhas que atuam em diferentes favelas do Rio. Marquinho já havia sido denunciado na última segunda-feira por conta de conversas de outros traficantes, entre eles Fernandinho Beira-Mar. Belo Num telefonema do dia 6 de junho, entre Gigante e o "gerente" do tráfico na Favela do Jacarezinho, conhecido como Eletricista, eles comentam que a polícia estava coibindo a venda de drogas por conta da denúncia de envolvimento do cantor Belo com o traficante Valdir Ferreira, o Vado. O "gerente" diz: "O bagulho aqui tá sufocante. Não tá vendendo nada." Gigante responde: "Por causa desse bagulho do Belo começou a cair de novo. Mas já tava melhorando, tava vendendo 2 mil, 3 mil (reais) na boca." Segundo o procurador-geral de Justiça, as interceptações telefônicas permitiram que um homem jurado de morte por Ricardo Fu fosse retirado de uma favela do Estácio sob proteção policial. A família dele também foi protegida. Outro trecho, do dia 21 de junho, mostrou o mesmo traficante ameaçando quem não paga pela droga consumida. Ele manda um comparsa identificado como Tiago colocar os maus pagadores no "microondas" (onde os corpos dos inimigos são queimados). "Bota no forno", sentencia Ricardo Fu. Em 5 de junho, Cura, membro da quadrilha de Aldair da Mangueira, conta a ele em outra ligação que o traficante Bruninho, que também faz parte do bando, pagou R$ 1 mil de propina a um policial quando foi preso transportando quatro quilos de maconha em Marechal Hermes, na Zona Norte. Presos Trinta comparsas dos bandidos identificados pelo MP tiveram prisão preventiva pedida e já concedida pela Justiça. Um cúmplice de Ricardo Fu conhecido como Fernando - com quem ele fala sobre recebimento de armas - foi preso hoje. No total, são mil horas de gravação, o que renderá aos promotores trabalho para um ano. "O volume de informações é tal que exigirá pelo menos um ano de investigação e terá muitos desdobramentos", afirmou Piñeiro Filho. Doze promotores trabalham no caso. O procurador acredita que com as escutas "as quadrilhas que atuam dentro dos presídios estão sendo minadas e seus patrimônios serão identificados e arrestados." "O tráfico está sofrendo um grande golpe. As gravações estão desnudando várias deficiências do poder público e os governantes, dos vários estados e o governo federal, devem aproveitar para se unir e traçar uma estratégia de enfrentamento", acredita Piñeiro Filho. Ele disse ainda que outros presos de Bangu 1 serão denunciados em breve.

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