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MP quer ampliar investigação do caso Tim Lopes

Por Agencia Estado
Atualização:

O procurador-geral de Justiça do Estado, José Muiños Piñeiro Filho, afirmou nesta terça-feira que deverá pedir uma investigação mais ampla do caso Tim Lopes em conseqüência das revelações feitas ao juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira pela viúva do repórter da TV Globo, Alessandra de Araújo Wagner. "A acusação é grave e certamente será considerada no processo. Se efetivamente informações ou informantes foram de alguma maneira afastados do contexto, precisamos esclarecer", afirmou o procurador. Na segunda-feira, exatamente três meses após o assassinato de Lopes, Alessandra prestou depoimento no 1.º Tribunal do Júri como testemunha no processo e levantou a suspeita de o repórter ter sido traído por seu informante na Favela Vila Cruzeiro. O advogado de Alessandra, André Martins, acusa a TV Globo de ter exposto Lopes ao perigo e de proteger o informante. "Esse tabu de sigilo da fonte acaba quando ocorre um homicídio. Quem deve saber se o morador da favela é inocente é a Justiça, não a Globo. Na medida em que a emissora não apresenta a testemunha, ela age como estado paralelo, achando que está acima da lei." A TV Globo divulgou nota negando a informação: "A Globo atesta que não há nenhuma fonte sob guarda ou proteção da emissora. Sobre o assunto, é tudo o que a TV Globo tem a dizer." Segundo a emissora, a pauta "veio de moradores honestos da Vila Cruzeiro". Em outra nota divulgada pela Globo e assinada pela ex-mulher de Lopes, mãe de seu filho, há a informação de que a iniciativa de fazer a matéria na favela teria sido do repórter: "As grandes empreitadas da sua vida profissional tiveram, em todas as ocasiões, a marca da sua própria iniciativa e da sua coragem. Foi o que aconteceu agora, nessa última reportagem, que, infelizmente, teve trágico desfecho." Em seu depoimento, Alessandra disse que a denúncia sobre a Vila Cruzeiro foi recebida pela emissora durante as férias de Lopes, portanto não havia sido sugerida pelo jornalista. O chefe de Polícia Civil, delegado Zaqueu Teixeira, afirmou que "se o Ministério Público (MP) entender que há indício de algum crime cometido, com certeza ele solicitará que se remeta cópia do depoimento para a polícia para que seja apurado o que está acontecendo". Segundo ele, cabe ao MP atuar no processo nesse momento, e a polícia só vai se pronunciar caso receba alguma solicitação formal. Ele afirmou que a polícia não teve acesso ao informante. Alessandra disse ainda ao juiz que não saber o que aconteceu com o telefone celular de Lopes, que teria sido entregue à Globo junto com os pertences deixados pelo repórter no carro da empresa que o levou até a favela no dia de sua morte. Um desses objetos pessoais é o caderno em que o repórter fazia suas anotações. Segundo Alessandra, o caderno estaria "mais fino do que o habitual", o que poderia indicar que páginas tenham sido arrancadas. Ela afirmou só ter tido acesso aos bens pessoais do marido depois que a polícia os requisitou à emissora. Segundo Teixeira, a polícia recebeu o celular e os objetos no final do inquérito e os encaminhos à Justiça.

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