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MP reinvestiga seqüestro do pai de Romário

Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público do Rio de Janeiro decidiu reabrir as investigações do seqüestro do pai do jogador Romário, o comerciante Edevair de Souza Faria, ocorrido em maio de 1994. A promotora Renata Araújo, da 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público, descobriu que a Corregedoria de Polícia Civil arquivou irregularmente por três anos e meio inquérito que havia sido aberto, em 1995, para apurar a hipótese de o seqüestro ter sido forjado pelo próprio Edevair, Ronaldo Faria e Wilson Mussauer, respectivamente, irmão e segurança de Romário. Havia ainda a suspeita de envolvimento de cerca de 10 policiais no crime, entre os quais o delegado aposentado Hélio Vígio. Na época, Vígio era titular da Delegacia Anti-Seqüestro. ?Na realidade, o que estamos investigando é hipótese da existência de extorsão, e não de um seqüestro?, disse a promotora. A versão de extorsão e da participação do próprio pai e do irmão de Romário foi levantada por uma das seqüestradoras, Marlúcia Menezes Gomes, em 1995. Presa no presídio feminino Talavera Bruce, em Bangu, zona oeste do Rio, ela disse que a intenção do grupo era extorquir dinheiro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), já que o seqüestro, ocorrido às vésperas da Copa do Mundo, poderia levar Romário a desistir de embarcar com a seleção para os Estados Unidos, onde foi realizado o mundial. Edevair acabou sendo libertado do cativeiro seis dias depois por policiais da DAS, e o resgate de US$ 7 milhões acabou não sendo pago. Em certo trecho do inquérito policial, Marlúcia diz em depoimento que Edevair andava sempre com muita liberdade no cativeiro, sem os cuidados de segurança comuns nesses casos. A informação de que o pai do atacante teria sido seqüestrado por Ronaldo, ela teria ouvido de um outro seqüestrador, Sérgio Ribeiro, o Serginho da Brahma. Lina Célia de Oliveira, que dividiu com Marlúcia a tarefa de tomar conta do cativeiro de seu Edevair, desmentiu toda a versão de Marlúcia, durante depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, em 1995. O mentor do seqüestro, o traficante Marcos Aurélio Pereira, o Marquinhos Muleta, condenado a 12 anos, sempre negou sua participação no crime. Ele disse, também em depoimento na Corregedoria, que foi torturado por quatro horas na antiga sede da Divisão Anti-Seqüestro (DAS), na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, para confessar o crime. ?Ainda há muitas dúvidas que precisam ser esclarecidas. Por que, por exemplo, a corregedoria não ouviu o menor que foi preso no cativeiro junto com Marlúcia e Lina??, perguntou a promotora. Ela já determinou que a Corregedoria de Polícia Civil tome novamente o depoimento dos envolvidos, inclusive do pai e do irmão de Romário, e do menor. ?É preciso checar todas as informações para saber se a versão de Marlúcia procede ou não?. Procurado pelo Estado, Edevair, Ronaldo Faria e o delegado Hélio Vígio não foram localizados.

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